Em live especialista alerta: “a gestão para superar a crise precisa começar agora”

“Sacrificar vidas humanas para recuperar a economia não é uma escolha aceitável”. Impulsionado por esta visão ética e política da atividade econômica, o professor e pesquisador, Alexandre Gurgel, debateu com os seguidores do Instagram do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio, alternativas para expandir as possibilidades de emprego, renda e melhorar a qualidade de vida nos municípios fluminenses. Para Gurgel, a gestão focada na retomada da economia local precisa começar agora.

O encontro aconteceu na terça-feira (26/06), e contou com a audiência de seguidores de diversos pontos do estado. Segundo Alexandre Gurgel, a difusão de informação criteriosamente validada para um número maior de cidadãos terá papel importante no combate à pandemia da Covid-19. De acordo com ele, a gestão municipal será mais eficiente se, ao lidar com a crise, forem adotadas políticas de transparência e Comunicação que contribuam para a integração dos objetivos de governos e sociedade. "Levaremos muito tempo para recuperar a economia. Por isso, a gestão para superar a crise precisa começar agora. A primeira ferramenta de gestão é a transparência. Não existe gestão com desinformação. Desinformar, promover "fakenews" é trabalhar contra o avanço da recuperação", alertou o professor.

De acordo com Gurgel, as atividades que exigem aglomeração para funcionar não poderão ser retomadas, mas o segmento industrial e o setor de serviços precisam começar gradualmente a voltar. “O sistema de Saúde não pode entrar em colapso. Perder vidas não é uma opção. A reabertura precisa respeitar os indicadores de cada município. Os prefeitos terão que retomar as atividades de forma "faseada", fazendo o controle dos leitos de U.T.I. (Unidades de Terapia Intensiva ) disponíveis”, ponderou o pesquisador que é doutorando em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ) e Mestre em Administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Alexandre Gurgel destaca que, após a pandemia, as atividades econômicas serão redesenhadas sob novos padrões de segurança ambiental e sanitária. Além disso, os arranjos produtivos locais precisarão assegurar maior nível de autonomia de suprimentos emergenciais. "Negócios vão ser reconfigurados. Nós ficamos dois meses sem receber insumos para antibióticos, por exemplo. A cadeia de valor global não vai acabar, mas vai sofrer maior impacto da realidade local.", previu o professor.

De acordo com o pesquisador, as compras públicas podem ser usadas para fomentar o mercado local e criar condições para qualificação da produção municipal. "Os prefeitos precisam olhar o cadastro local dos fornecedores com mais intensidade. A produção local, estimulada pela compra pública, terá uma fatia do mercado", avaliou Alexandre Gurgel.