Rio em Foco discute campanha de vacinação de animais contra febre aftosa

A pecuária do estado do Rio de Janeiro está empenhada em superar a pandemia para cumprir o calendário nacional e livrar o gado da febre aftosa até maio de 2021. Para projetar o impacto que o cuidado com o rebanho pode trazer para a economia, o Rio em Foco desta segunda-feira (01/06) entrevista a auditora do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Paula Schiavo.

O Rio de Janeiro possui um rebanho bovino e bubalino com 2 milhões e 200 mil cabeças, e a produção ligada a esta cadeia de valor pode se tornar uma das alavancas para o Rio sair da crise. De acordo com Paula Schiavo, a manutenção do gado livre da febre aftosa é fundamental para que o estado possa fazer parte do Sistema Brasileiro de Inspeção (Sisbi), programa de inspeção sanitária do Ministério da Agricultura, que chancela os produtos de origem animal para exportação.

Segundo ela, somente a adesão a este sistema nacional de fiscalização torna possível a venda de produtos de origem animal fora dos limites do estado do Rio. “O país luta para erradicar a febre aftosa desde 1895. Há mais de 100 anos. Se o produtor quiser vender seus produtos em mercados que estão além das fronteiras do estado do Rio terá que fornecer essa garantia”, avalia a auditora do Mapa.

Uma das características mais assustadoras da pandemia de Covid-19 é a facilidade de transmissão do novo coronavírus. De acordo com Paula Schiavo, o vírus da febre aftosa é disseminado ainda mais rapidamente. Um foco da doença pode devastar todo o rebanho nacional em 24 horas. “A febre aftosa é uma doença com (taxa de) disseminação muito alta. Cada animal contamina (em média) quatro outros. Se as medidas de mitigação não forem implementadas, (o vírus) pode, em um dia, ultrapassar a barreira de um país, mesmo um país grande como o Brasil”, alerta.

De acordo com Paula Schiavo, o mercado global exige diversos parâmetros de segurança para compra de produtos de origem animal, por isso é importante buscar padrões de excelência na organização sanitária e saúde animal. Último país da América do Sul a ter, em 2017, focos ativos de febre aftosa, a Colômbia perdeu US$ 47 milhões de dólares em razão de restrições comerciais motivadas pela difusão da doença.

“O mercado de carne leva em conta as garantias que temos de rastreabilidade da febre aftosa. Isso significa elevar o grau de confiança em nosso sistema animal a um outro nível. Assim, aumentamos o valor agregado de nossos produtos por estarmos com todas estas garantias embutidas, e alcançamos mercados mais exigentes”, explica a auditora do Mapa.

Schiavo alertou que as restrições de circulação de pessoas devido à Covid-19 não afetam a campanha contra a febre aftosa, porque as empresas que comercializam a vacina entregam o produto nos locais de aplicação. Segundo ela, é necessário expandir a captação de recursos para o Fundo de Defesa Agropecuária para desenvolver mais ações preventivas.

“Investir em prevenção é muito mais barato (que tratar o rebanho contaminado). Precisamos de apoio do Poder Legislativo para a regulamentação das formas de captação para este fundo. A Covid-19 veio para mostrar que precisamos de integração de saúde ambiental, veterinária e humana, porque quando uma (vertente é atingida), todas degringolam, infelizmente.


O Rio em Foco é exibido as segundas-feiras, às 22h, na TV Alerj (canal UHF 15.2 e 12 da NET). A partir de terça-feira (02/06), o programa fica disponível também no canal do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio no YouTube, e no podcast "Quero Discutir o Meu Estado", disponível nas principais plataformas de Podcast. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (06/06), às 17h, e domingo (07/06), às 20h.