Crise acelera teletrabalho no setor público

Os desafios da implantação do teletrabalho no setor público foram debatidos na manhã dessa terça-feira (28/04), no sétimo painel on-line que avalia os impactos da crise do novo coronavírus. O painel foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube do Fórum de Desenvolvimento do Rio. O encontro pode ser assistido na íntegra clicando aqui.

Para contribuir com esse momento, o Laboratório de Aceleração de Eficiência Pública (LAEP), vinculado à Secretaria da Casa Civil e Governança lançou um guia de boas práticas para o trabalho à distância direcionado aos servidores. A publicação traz dicas sobre a forma de organização das equipes e das tarefas, além de sugestões de ferramentas virtuais, cuidados com a saúde física e mental e maneiras de compatibilizar o trabalho com a rotina doméstica. “As fronteiras entre o trabalho e as atividades de casa estão sendo ressignificadas. Tivemos que entender as dificuldades e necessidades dos servidores nesse momento de teletrabalho. São questões que passam por preocupações com a motivação, comunicação, produtividade e infraestrutura, respeitando as individualidades”, explicou o assessor-chefe do LAEP, Enzo Tessarolo.

                                                                 

Outra iniciativa recém-lançada pelo governo do estado é o Curso Introdutório ao Teletrabalho e Ensino à Distância desenvolvido pela Escola de Gestão e Políticas Públicas (EGPP) da Fundação CEPERJ. Composto por dois módulos, o curso tem o objetivo de oferecer de forma gratuita experiências, informações práticas e possibilidades dos servidores públicos se prepararem para manter a qualidade do trabalho, agora desenvolvido remotamente. Segundo o diretor da EGPP, Leonardo Mazzurana, quase 800 pessoas já foram capacitadas até o momento. “A liderança de equipes é um desafio nesse momento em que o gestor não está presente fisicamente. Por isso, torna-se muito importante gerar confiança no grupo para que haja comprometimento”, afirmou Mazzurana, que destacou o lado positivo de vencer a barreira cultural de que é possível o trabalho remoto no setor público também e não apenas no privado.

                                                               

Prova disso foi a experiência vivida pela Embrapa Solos, com sede no Rio de Janeiro. De acordo com a chefe-geral da instituição, Petula Ponciano, após o decreto que determinava que servidores, sempre que possível, trabalhassem de casa para diminuir a circulação de pessoas nas ruas, a Embrapa Solos regulamentou o teletrabalho em 15 dias. “O início foi caótico, tivemos que repensar as questões burocráticas, até sair a norma que colocou todos os nossos 145 empregados de home office por meio de um aditivo no contrato de trabalho”, relatou. “Passamos por todas essas questões de motivação das pessoas, até a resistência no uso de novas ferramentas digitais. Uma das ideias foi fazer com que os pessoal da área de pesquisa convidasse um colega do administrativo para uma café por teleconferência para que ele se sentisse à vontade com a nova ferramenta de trabalho”, contou.

                                                               

Uma das preocupações em tempos de teletrabalho improvisado e feito às pressas está na segurança dos dados armazenados e dos computadores domésticos. A questão foi levantada pelo CEO da Lyseon Tech, cooperativa de Software Livre do Brasil, Vitor Mattos. “Se por um lado houve o benefício de se evitar os deslocamentos com perdas de tempo e dinheiro, com a otimização de reuniões, há que se ter uma preocupação com a utilização de redes sociais e softwares que podem comprometer a segurança das informações, expondo as instituições ao risco”, alertou Mattos.

                                                               

Apesar do caráter emergencial que apressou o home office no setor público, os especialistas são unânimes em ver um lado positivo em toda a crise. “Evoluímos cinco anos em 15 dias, vencemos uma resistência do setor jurídico e toda uma desconfiança e vamos chegar ao final desse processo com pessoas mais confiantes e com certeza não seremos mais os mesmos após essa pandemia. São mudanças que vieram para ficar”, concluiu Petula.

Veja também a matéria da Comunicação Social da Alerj, clicando aqui