O recorte do estado do Rio de Janeiro com as informações de deslocamentos para serviços de saúde, parte da Pesquisa das Regiões de Influência das Cidades 2018 do IBGE (REGIC), foi o tema da primeira live do perfil do Instagram do Fórum de Desenvolvimento do Rio, realizada nesta segunda (27/04). A nota técnica, com parte dos resultados do estudo referentes ao comportamento da rede de cidades na área de saúde, teve sua divulgação adiantada para contribuir na elaboração de políticas públicas que ajudem na contenção da disseminação da Covid-19. Os dados da publicação foram apresentados pelo gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE, Bruno Hidalgo.
O questionário da REGIC 2018 possui dois quesitos que investigam o deslocamento de pessoas partindo de seus municípios com destino a outros para acesso a serviços de saúde de baixa, média e alta complexidade. “A pesquisa identifica basicamente os centros urbanos que a população busca quando precisa acessar serviços de saúde fora da cidade em que vivem. Parte desse universo se desloca principalmente por não terem atendimento em seus municípios. Quanto menor a cidade, maior a tendência a buscar o serviço em outros lugares, assim como quanto maior o município ele também tende a receber mais pessoas de fora. Então grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro se destacam nesse cenário”, explicou Bruno.
Para fins de comparação, a pesquisa calculou a distância linear do deslocamento em todo o país. A média nacional para atendimentos de baixa complexidade (atendimentos que não implicam em internação) ficou em 72km enquanto que para os serviços de saúde de alta complexidade foi de 155km, totalizando mais do que o dobro, e com profundas diferenças regionais quanto à concentração em centralidades especializadas. “Essa medida de distância linear foi feita para termos uma noção, já que a realidade com as condições das estradas, deslocamentos por rios é na verdade bem maior. O que pudemos identificar foi que o padrão de deslocamento para atendimentos de baixa e média complexidade é menor porque serviços como prontos-socorros e UPAS estão mais espalhados por todo território enquanto são poucos os centros de referência para tratamentos mais complexos”, afirmou Bruno.
A boa notícia é que o Rio de Janeiro possui a menor média nacional nos dois quesitos. Na alta complexidade tem o mais baixo, com apenas 67km. A capital divide atratividade na temática com os arranjos populacionais de Campos de Goytacazes (RJ) e Volta Redonda (RJ) e Itaperuna (RJ), além de cidades mineiras próximas. Dentre elas, destaca-se Muriaé (MG), que possui um centro de referência no tratamento do câncer e por isso recebe também cidadãos fluminenses. Já no de baixa e média complexidade, o estado do Rio de Janeiro fica atrás somente de Santa Catarina. Apesar do bom resultado na pesquisa, Bruno faz uma ressalva. “Não é porque o Rio de Janeiro está no mais baixo patamar que não seja necessário realizar uma politica pública de acesso de atendimento. A capital do estado possui bairros distantes como Santa Cruz e Campo Grande por exemplo”.
A pesquisa também mapeou os centros de referência de baixa e média complexidade do estado que conta com 29 cidades de referência, sendo os principais destinos Angra dos Reis, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Macaé, Niterói, Vassouras, Volta Redonda, São Gonçalo e Nova Iguaçu.Já os centros de referência de alta complexidade são 16, espalhados pelos municípios de Angra dos Reis, Cabo Frio, Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Itaperuna, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Petrópolis, Resende, São Gonçalo, Macaé, Rio de Janeiro, Três Rios, Vassouras e Volta Redonda. “O estado fica em sexto lugar entre os principais destinos mencionados na pesquisa. Se levarmos em consideração que o Rio é um estado pequeno, com apenas 92 municípios, podemos concluir que ele tem uma média maior de centros de alta complexidade distribuídos pelo seu território comparados com o restante do país”, concluiu Hidalgo.