70% dos moradores da região metropolitana do Rio têm acesso precário ao transporte público, diz ITDP

Apenas três em cada dez moradores da região metropolitana do Rio têm acesso rápido aos modais de transporte de média e alta capacidade. A informação foi revelada por um levantamento do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) publicado em novembro. Apesar da facilidade de acesso estar restrita a minoria da população fluminense, o estado do Rio, ainda assim, apresenta o melhor desempenho do país. Nacionalmente, apenas 20% das pessoas, em média, mora perto de estações de alta e média complexidade.

De acordo com O ITDP , a situação do Estado do Rio de Janeiro é preocupante devido à desaceleração de investimentos após o ciclo de grandes eventos esportivos realizados na capital. Em 2018, 22 estações de BRT fecharam na região metropolitana, diminuindo o percentual de pessoas próximas de estações de transporte. Segundo o gerente de políticas públicas da entidade, Bernardo Serra, a crise econômica comprometeu parte dos investimentos planejados , mas é possível enfrentá-la otimizando os gastos em conformidade com a base de dados que monitora a inserção de transportes coletivos nas cidades.

“A crise econômica iniciada em 2015 afetou particularmente os municípios do Estado do Rio de Janeiro e sua capacidade de investimento. Após as olimpíadas, a cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo com o fechamento de 22 estações de BRT, a falência de empresas operadoras de transporte público, o que afeta a operação e qualidade da oferta do serviço, a interrupção de obras como a linha 4 do metrô e a redução de recursos para a política cicloviária. Neste contexto desafiador de queda da atividade e restrição de recursos é pouco razoável esperar grandes investimentos por parte do poder público, porém é fundamental aumentar a capacidade de gestão para otimizar a operação e tomar decisões com base em evidências. Por exemplo, é fundamental que o poder público se aproprie dos dados gerados pelo transporte público para poder planejar e intervir de forma mais efetiva.”, explica.

Serra argumenta que a gestão baseada em modelagens estruturadas por “Big Data” pode contribuir para melhorar o impacto de iniciativas que precisam de poucos recursos para efetivação. “ ( É possível) entender como o sistema se comporta por meio dos dados de posicionamento via GPS dos ônibus; simular mudanças na operação com o uso de dados do sistema da maneira como ele está planejado em formato de GTF (Gestão Total da Frota); e entender melhor a demanda com os dados de bilhetagem eletrônica. Estas são algumas das frentes de atuação que podem orientar decisões de forma mais assertiva e gerar melhores resultados. Diversas iniciativas não representam um custo alto e podem ser implementadas sem comprometer o orçamento. A divulgação do mapa metropolitano é um bom exemplo que tem potencial de melhorar a experiência do usuário simplesmente difundindo informação mais clara sobre o sistema de transporte. Nos últimos anos, a cidade de Fortaleza vem demonstrando ser possível aumentar a prioridade para o transporte ativo e coletivo com infraestrutura segregada com pouco recurso por meio do uso de contratos existentes da prefeitura”, defende o gerente de políticas públicas do ITDP.

Para ler o estudo completo, clique aqui.  

Conheça o ITDP

O Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) é uma organização sem fins lucrativos fundada há 34 anos na cidade de Washington , nos Estados Unidos, focada em promover políticas sustentáveis de mobilidade urbana. A instituição atua no Brasil desde 2009 e atualmente mantém a plataforma MobiliDADOS que fornece indicadores e dados brutos sobre 9 regiões metropolitanas e 27 capitais atualizados anualmente. Confira aqui. “Nos próximos meses, temos a intenção de continuar atualizados esses dados, atrair novos parceiros e incluir novos indicadores oriundos do estudo de acesso às oportunidades que estamos desenvolvendo parceria com o IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada IPEA)”, revela.