Apenas três em cada dez moradores da região metropolitana do Rio têm acesso rápido aos modais de transporte de média e alta capacidade. A informação foi revelada por um levantamento do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) publicado em novembro. Apesar da facilidade de acesso estar restrita a minoria da população fluminense, o estado do Rio, ainda assim, apresenta o melhor desempenho do país. Nacionalmente, apenas 20% das pessoas, em média, mora perto de estações de alta e média complexidade.
De acordo com O ITDP , a situação do Estado do Rio de Janeiro é preocupante devido à desaceleração de investimentos após o ciclo de grandes eventos esportivos realizados na capital. Em 2018, 22 estações de BRT fecharam na região metropolitana, diminuindo o percentual de pessoas próximas de estações de transporte. Segundo o gerente de políticas públicas da entidade, Bernardo Serra, a crise econômica comprometeu parte dos investimentos planejados , mas é possível enfrentá-la otimizando os gastos em conformidade com a base de dados que monitora a inserção de transportes coletivos nas cidades.
“A crise econômica iniciada em 2015 afetou particularmente os municípios do Estado do Rio de Janeiro e sua capacidade de investimento. Após as olimpíadas, a cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo com o fechamento de 22 estações de BRT, a falência de empresas operadoras de transporte público, o que afeta a operação e qualidade da oferta do serviço, a interrupção de obras como a linha 4 do metrô e a redução de recursos para a política cicloviária. Neste contexto desafiador de queda da atividade e restrição de recursos é pouco razoável esperar grandes investimentos por parte do poder público, porém é fundamental aumentar a capacidade de gestão para otimizar a operação e tomar decisões com base em evidências. Por exemplo, é fundamental que o poder público se aproprie dos dados gerados pelo transporte público para poder planejar e intervir de forma mais efetiva.”, explica.
Serra argumenta que a gestão baseada em modelagens estruturadas por “Big Data” pode contribuir para melhorar o impacto de iniciativas que precisam de poucos recursos para efetivação. “ ( É possível) entender como o sistema se comporta por meio dos dados de posicionamento via GPS dos ônibus; simular mudanças na operação com o uso de dados do sistema da maneira como ele está planejado em formato de GTF (Gestão Total da Frota); e entender melhor a demanda com os dados de bilhetagem eletrônica. Estas são algumas das frentes de atuação que podem orientar decisões de forma mais assertiva e gerar melhores resultados. Diversas iniciativas não representam um custo alto e podem ser implementadas sem comprometer o orçamento. A divulgação do mapa metropolitano é um bom exemplo que tem potencial de melhorar a experiência do usuário simplesmente difundindo informação mais clara sobre o sistema de transporte. Nos últimos anos, a cidade de Fortaleza vem demonstrando ser possível aumentar a prioridade para o transporte ativo e coletivo com infraestrutura segregada com pouco recurso por meio do uso de contratos existentes da prefeitura”, defende o gerente de políticas públicas do ITDP.
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Conheça o ITDP
O Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) é uma organização sem fins lucrativos fundada há 34 anos na cidade de Washington , nos Estados Unidos, focada em promover políticas sustentáveis de mobilidade urbana. A instituição atua no Brasil desde 2009 e atualmente mantém a plataforma MobiliDADOS que fornece indicadores e dados brutos sobre 9 regiões metropolitanas e 27 capitais atualizados anualmente. Confira aqui. “Nos próximos meses, temos a intenção de continuar atualizados esses dados, atrair novos parceiros e incluir novos indicadores oriundos do estudo de acesso às oportunidades que estamos desenvolvendo parceria com o IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada IPEA)”, revela.