1ª volta ao mundo completa 500 anos com celebração na Alerj

“Navegar é preciso, viver não é preciso”, já declamava o poeta português Fernando Pessoa. Há 500 anos teve início a primeira volta ao mundo liderada pelo também lusitano Fernão de Magalhães que transformou o curso da história. E foi no Rio de Janeiro, em 13 de dezembro de 1519, o primeiro porto da expedição nas Américas que, ao cruzar todos os oceanos, integrou povos, culturas e mercados inaugurando a globalização. Para celebrar a data e a passagem da esquadra pela Baía de Guanabara, o Fórum de Desenvolvimento do Rio realizou em parceria com a Associação Luis de Camões um evento comemorativo no Plenário da Alerj. O encontro reuniu também os cônsules de Portugal, Espanha, Uruguai, Peru, Chile e Argentina para falar sobre a contribuição da expedição para os seus países.

“A Alerj, que representa o povo do Rio de Janeiro, não poderia ficar alheia a essa comemoração. Quando pensamos que essa navegação se deu à vela, e hoje discutimos energias alternativas, estamos falando não só dos desafios de buscar novos continentes, mas também da construção de um pensamento humanista. Talvez seja esse o grande ensinamento de Magalhães”, afirmou a deputada Martha Rocha (PDT), que presidiu o evento. Em seu discurso de abertura, a deputada destacou também a importância dessa expedição marítima no desenvolvimento da ciência náutica, da cartografia e da geopolítica mundial.

Segundo Teresa Macedo, embaixadora da Associação Luís de Camões, braço do governo português que congrega instituições responsáveis pela difusão da educação e da cultura, o grande legado deixado por Fernão de Magalhães foi a abertura ao conhecimento, às diferenças e à compreensão humana. “Nenhum povo pode viver fechado em si próprio. A compreensão é básica para que o desenvolvimento dos países aconteça. A riqueza humana está na solidariedade, na abertura e na inclusão para fazer do mundo um lugar muito melhor”, disse Teresa que ressaltou a importância dessa celebração não  ficar restrita apenas aos eventos oficiais, mas envolver toda a sociedade e também os estudantes que são a geração do futuro.

                                                         

Para o professor da Universidade Federal Fluminense Paulo Roberto Pereira, essa aventura marítima é um feito ainda mais extraordinário do que a chegada do homem à lua e de grande simbolismo para os brasileiros pela contribuição que trouxe para a região sul-americana, fato corroborado nas falas dos cônsules do Uruguai, Peru, Chile e Argentina. A cônsul adjunta do Peru, Sarita Lopez, destacou o impacto da aventura de Fernão de Magalhães na incorporação de produtos na cultura e culinária de seu país. Já a cônsul geral do Uruguai, ministra conselheira María Noel Reyes, lembrou que a capital Montevideo recebeu o nome por conta de um registro da expedição sobre um “Monte vi eu” na região.

                                                         

Durante o evento, o ator português Tony Correia encenou um “Pocket Show” baseado na peça “Navegar é Preciso”, que destaca a perseverança e a sagacidade dos navegadores de diversas nacionalidades envolvidos no empreendimento.

                                                         

Seminário

A primeira viagem de circum-navegação também será celebrada em um evento organizado pela Marinha no Museu Histórico Nacional nos dias 12 e 13 de dezembro, quando estarão reunidos 12 especialistas do Brasil, Espanha, Portugal, Argentina, Chile, Peru e Uruguai. O objetivo, segundo o vice-almirante José Carlos Mathias, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, é propor reflexões sobre a expedição, estabelecendo pontes entre o passado e presente, e revisitando a história sob uma perspectiva contemporânea. O Seminário Internacional 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a estadia da frota no Rio de Janeiro” é pago e as inscrições podem ser feitas até o dia 10 de dezembro clicando aqui

                                                           

“O evento de hoje foi uma oportunidade de marcar a data, e apesar de ser um tema histórico, diferente das temáticas tratadas pelo Fórum, traz uma pitada de esperança e inspiração por rememorar um capítulo tão importante da história que gerou tantas transformações. Essa data não podia ficar de fora do calendário estadual e do parlamento ”, concluiu a secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Geiza Rocha.

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Para assistir à reportagem da TV Alerj sobre o evento, clique aqui.