Uma empresa que cria soluções para a remediação de acidentes com derramamento de petróleo ou derivados a partir de resíduos da lavoura de palmito, um fabricante de roupas que reaproveita alimentos para tingir tecidos, o projeto da Comlurb que transforma lixo em biogás e o trabalho de destinação adequada de resíduos de origem animal, oriundos do abate de bovinos, transformados em fertilizantes orgânicos. O que todas essas iniciativas têm em comum é o fato de serem exemplos de bioeconomia, ou seja, usam insumos biológicos de forma inovadora para fornecer alimentos ou desenvolver produtos industriais tornando-os mais sustentáveis. O papel da bioeconomia na oferta de soluções para a gestão de resíduos foi debatido nesta terça (22/10) no Plenário da Alerj. O seminário fez parte da Semana Lixo Zero, que esse ano acontece concomitantemente com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Aproveitando a coincidência de datas, o Fórum de Desenvolvimento do Rio reuniu empresas e instituições que já trabalham com essa agenda para pensar de que forma elas podem contribuir para um estado do Rio mais sustentável.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta no mercado mundial 2 trilhões de euros e gera cerca de 22 milhões de empregos. Segundo a coordenadora do GreenRio e diretora-executiva do portal Planeta Orgânico, Beatriz Costa, transformar os passivos ambientais em benefícios para a sociedade e o meio ambiente é um desafio que caminha junto com a bioeconomia. “Além do crescimento econômico sustentável, a bioeconomia visa à segurança alimentar, à proteção climática e à conservação de recursos naturais”, explicou Beatriz. Ela também ressaltou o perfil do estado do Rio para criar arranjos produtivos regionais, tendência na bioeconomia, além de ter consumidores atentos à questão da sustentabilidade e ser o segundo maior consumidor de produtos orgânicos. “O momento é muito propício para se falar sobre bioeconomia, já que o Brasil acabou de firmar quatro acordos de cooperação com a Alemanha nesta área, envolvendo Ministério da Agricultura, Ministério da Ciência e Tecnologia e Embrapa.
A bioeconomia também vem sendo trabalhada pelo Sebrae, que desenvolveu um programa de fortalecimento de biostartups englobando diversas cadeias produtivas como moda, alimentos, energias limpas, construções sustentáveis, agronegócios, saúde e meio ambiente. O objetivo é possibilitar que as micro e pequenas empresas (MPE) tenham acesso às novas tecnologias, matérias-primas, produtos e modelos de negócios visando ao aumento da competitividade. “A gente promove essa interação entre as instituições de ensino e pesquisa para estimular a realização de trabalhos compartilhados, fomentar o empreendedorismo no meio acadêmico e ampliar o acesso a novos mercados”, explicou a analista da coordenação de Base Tecnológica do Sebrae, Marília Sant´Anna, que apresentou alguns cases de startups de sucesso que já se formalizaram com o apoio do Sebrae. A instituição também mapeou o ecossistema de bioeconomia do Rio de Janeiro, que foi transformado numa publicação, assim como um e-book sobre empreendedorismo em bioeconomia. Clique aqui para acessar.
Na ocasião também foram conhecidas as linhas especiais de crédito para projetos inovadores ligados à sustentabilidade ofertadas pela AgeRio e que foram apresentadas pela diretora de operações da agência, Dara de Souza e Silva.
O presidente da ONG Ecco Vida, Edson Freitas, defendeu a reciclagem como forma de combater os desperdícios. “O lixo quando reciclado gera emprego, renda e preserva o meio ambiente. Quando vai para o lixão, gera despesa e poluição. O Brasil perde R$ 120 milhões por ano por não reciclar”, afirmou Edson que destacou o Lixo Zero como uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudarem seus modos de vida de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, em que todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.
Atualmente, as cidades geram cerca de 1,3 bilhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, e o volume deve praticamente dobrar até 2025. De acordo com a ONU e o Banco Mundial, os custos para a gestão de resíduos sólidos passarão dos US$ 205.4 bilhões de dólares anuais para cerca de US$ 375.5 bilhões neste período, afetando de maneira expressiva os países mais pobres.
Desde 2015, o Fórum de Desenvolvimento do Rio participa da Semana Lixo Zero que, este ano, acontece de 18 a 27 de outubro em 104 cidades brasileiras. “O Fórum aceitou esse desafio de juntar a Semana Lixo Zero com a Semana da Nacional de Ciência e Tecnologia, que esse ano teve como tema a bioeconomia, e focamos nas soluções que ela pode trazer para as questões dos resíduos sólidos. Foi muito interessante ver a quantidade de startups e micro e pequenas empresas que fazem essa oferta e que já estão se consolidando no mercado. O encontro serviu para divulgar aos parlamentares o potencial do Rio de Janeiro nessa área que pode transformar o estado em referência em bioeconomia”, finalizou a secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio Geiza Rocha.
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