Turismo religioso: alternativa para o interior do Rio de Janeiro

O turismo religioso caminha para se tornar uma nova alternativa para os visitantes do Rio de Janeiro. Este ano foi lançado o projeto “Caminhos para Cristo”, que liga o Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo ao Cristo Redentor. Fiéis e turistas do mundo todo terão a oportunidade de percorrer mais de 500 quilômetros de estradas, cruzando 21 municípios para conhecer a história de igrejas, capelas e santuários. O passeio inclui a visita em museus, mirantes, cachoeiras, além da celebração de missas. O percurso pode ser feito em até um ano e quem participar vai receber um certificado comprovando que percorreu todo o itinerário, como acontece com os peregrinos que completam o famoso caminho de Santiago de Compostela, entre França e Espanha. O Rio em Foco que vai ao nesta segunda-feira (14/10) às 22h na TV Alerj (Canal 12 da Net/Claro) conversa com o assessor especial da Secretaria estadual de Turismo, Sandro Capadócia, para entender como essa rota de peregrinação está sendo organizada e o que isso pode gerar de impacto na economia dos municípios.

O responsável pelo projeto é o padre polonês Cristóvão Sopick, ciclista profissional que já participou de competições nacionais e internacionais, sendo quatro vezes campeão brasileiro da MTB 12 Horas por equipe, prova mais tradicional do Brasil na modalidade de mountain bike de longa duração em revezamento. O pároco já organizava um roteiro semelhante, chamado “Caminhos de Nossa Senhora”, que vai de São Paulo até Aparecida do Norte. “Ele nos procurou na secretaria com esse projeto e nós colocamos da seguinte forma: chegou a hora do Rio, então vamos fazer um roteiro que saia de Aparecida e, cruzando todos esses municípios, chegue ao Cristo Redentor”, explica Sandro.

O percurso pode ser feito a pé, a cavalo ou de bicicleta e leva, em média, em 16 dias a pé e sete de bicicleta. São organizadas peregrinações guiadas, em quatro etapas de três a quatro dias cada. “O caminho passa por fazendas seculares, lugares bucólicos, lindos e que merecem total apreço e carinho de nossa população”, conta Sandro: “você ganha inclusive um passaporte com selos que indicam que você completou esse caminho. E não precisa ser feito de uma vez só. Você pode fazê-lo ao longo dos 365 dias do ano”.

Sandro conta que a adesão dos municípios foi imediata. “Se o nosso governador Wilson Witzel tomou posse dizendo que o ‘turismo é o novo petróleo’, eu vou além e digo que o turismo religioso é o nosso pré-sal”, empolga-se o subsecretário. Segundo ele, secretários de vários municípios estão firmando parcerias com a Fundação Santa Cabrini , que cuida da ocupação produtiva da mão de obra remunerada dos apenados no sistema prisional do estado, para colocar marcos regulatórios ao longo percurso dos “Caminhos para Cristo”.

O próximo passo é atrair a iniciativa privada para participar mais ativamente do projeto. “É ela quem vai garantir que esse projeto tenha consistência e segurança. Segurança no sentido de garantir lugares para as pessoas se alimentarem, ou para se hospedaram ao longo do caminho”, diz Sandro, antecipando que a secretaria já está debruçada sobre estudos de viabilidade de outras rotas no estado. “A rede hoteleira abraçou de forma ímpar o nosso projeto. Estamos fazendo reuniões semanais envolvendo todos os órgãos que fazem parte do trade turístico”, conta ele.

E mais uma novidade está vindo por aí: em 2020 o Rio será sede da 16° edição do Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável.  A vaga foi pleiteada pela Secretaria de Estado de Turismo por meio do núcleo de Turismo Religioso e teve como concorrentes cidades de diferentes países da América e Europa. A escolha foi feita com base em critérios técnicos como locais, atividades e espaços religiosos de grande valor cultural e interesse turístico. Organizado pela Fundação São José de Ciências Humanas e Religiosas (PR), o congresso é um dos maiores do segmento e contará com diversas atividades, conferências, painéis, rodada de negócios, projeto jovem, espaços de negócios, shows culturais, degustação de pratos típicos, visitas e excursões pós-evento. “Nossa expectativa é que este evento mobiliza em torno de 20 mil pessoas por dia”, diz Sandro, que pretende organizar em novembro o 1º Congresso Estadual de Turismo Religioso, envolvendo todos os 92 municípios do estado.

Sandro ressalta que o planejamento da secretaria não irá se ater apenas a religiões de origem judaico-cristã. “Existe aqui no Rio a Pequena África. Sabemos de agências especializadas que vendem pacotes para lá. Vamos agora fazer um estudo na secretaria sobre quais são os pontos mais visitados e por quem”, adianta ele. Por “Pequena África” compreende-se a região entre os bairros Gamboa e Saúde, a Praça Mauá e um pedaço de São Cristóvão. Por ali, baianas como Tia Ciata realizavam encontros musicais e religiosos — as festas de candomblé — em suas casas, além de seduzir o povo com os sabores de seus tabuleiros. O nome da região foi criado pelo pintor e compositor Heitor dos Prazeres, autor de clássicos como “Pierrô Apaixonado”.

“Turismo é negócio. Cada quarto de hotel ocupado significa três empregos diretos. O Rio de Janeiro é muito plural: tem turismo religioso, de lazer, de esportes, de negócios. Todos esses segmentos geram emprego, e emprego significa renda para o nosso”, afirma Sandro. Quem quiser saber mais detalhes sobre o roteiro, basta acessar www.caminhosparacristo.com.br ou falar direto com o padre Cristóvão pelo telefone (21) 99125-8547.

A partir dessa terça-feira (15/10), o programa estará disponível no canal do Fórum de Desenvolvimento do Rio no YouTube. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (19/10), às 17h, e domingo (20/10), às 20h.