Rio em Foco aborda os desafios do empreendedorismo feminino

Elas já mandam em mais de um terço dos negócios do Brasil. Em números, isto significa que 34% das empresas são liderados por um contingente de 9,3 milhões de mulheres, segundo o relatório “Empreendedorismo Feminino no Brasil”, produzido pelo Sebrae. No Rio em Foco que vai ao ar nesta segunda-feira (7/10), às 22h, na TV Alerj (Canal 12 da Net), a embaixadora da Rede Mulher, Inês Rocha, e a analista do Sebrae-RJ, Juliana Oliveira, falam sobre o perfil dessas mulheres que estão vencendo os desafios de assumir postos de liderança e se tornando protagonistas da própria história. E ainda: o papel das políticas públicas na redução dessas desigualdades.

Dentre as iniciativas que estimulam o empreendedorismo feminino, o projeto “Ela Pode” é voltado para mulheres em situação de vulnerabilidade econômica. As atividades oferecidas para esse grupo incluem comunicação, liderança, marca pessoal, dentre outros temas. O programa foi criado há nove anos com a meta ambiciosa de impactar 135 mil mulheres. “Hoje já atendemos 22 mil mulheres. Fazemos o acompanhamento delas e construímos parcerias para que o projeto tenha continuidade localmente”, explica Inês Rocha.

Nessa guerra nada fria entre sexos, a desigualdade de oportunidades ainda é um tema central. Apesar de possuírem nível de escolaridade maior do que o dos homens, o faturamento delas é 22% inferior e, no acesso ao crédito, as taxas são, em média, 3,5% maiores. “As mulheres empreendem mais do que os homens, mas são mais informais porque têm a sensação de que estão empreendendo apenas para complementar a renda, entre uma atividade e outra que desempenham”, diz Juliana Oliveira, que completa: “Mas elas empreendem em atividades de baixo valor agregado porque como têm que ser coisas rápidas, então é um docinho que elas fazem em casa, manicure. Não têm tempo para se dedicar, até porque tem de ser quando elas estão no meio da jornada doméstica já que cabe a elas dar conta do filho, da casa, e dos negócios. Então hoje as mulheres se dedicam 20% a menos que os homens nos negócios”.

Este ano, o Sebrae lançou o projeto “Sebrae delas, mulher de negócios”, um programa de aceleração para aumentar a probabilidade de sucesso de ideias e negócios liderados por mulheres. “Trabalhamos com dois pilares: a gestão empresarial, porque é muito importante que os negócios estejam estruturados, e as soft skills, habilidades que, por razões culturais, não são tão desenvolvidas, como negociação ou liderança”, conta Juliana. Apesar das dificuldades, o número de mulheres empreendedoras continua em viés de alta. Muitas delas já atuavam enquanto trabalhadoras formais complementando a renda da família e acabaram buscando essa alternativa ao se verem desempregadas.

“Na Rede Mulher trabalhamos com vários perfis e a construção de trilhas”, explica Inês Rocha. “Para a mulher que já tem um negócio, temos uma aceleradora. Temos também a trilha empreendedora. O mais importante é que elas sejam impactadas para esta construção do ambiente e do ecossistema empreendedor”, diz Inês Rocha. Segundo ela, a Rede Mulher trata a questão do empreendedorismo de forma mais ampla: “cuidamos da postura empreendedora. Muitas vezes a mulher não tem o negócio ainda, mas trabalhar e batalhar a autoconfiança, otimismo, resiliência e propensão ao risco, é às vezes melhor do que ter um negócio”, comenta.

“Uma das questões para trabalhar o empreendedorismo feminino é considerar esse perfil.  Então temos de ter horários alternativos, capacitações, ter um lugar para as crianças porque muitas delas não tem com quem deixar”, diz Inês. “Não tem uma só turma que não tenha uma ou duas crianças participando das 16h de capacitação. Daqui a pouco vamos ter que ter uma pequena creche”.

A partir de terça-feira o programa estará disponível no canal do Fórum de Desenvolvimento do Rio no YouTube. Na TV Alerj, as reprises do Rio em Foco são exibidas no sábado (12/10), às 17h, e domingo (13/10), às 20h.