Mais de um terço dos deslocamentos cotidianos nas grandes cidades brasileiras é feito a pé. A informação consta no livro “Cidades de Pedestres – A caminhabilidade no Brasil e no Mundo” organizado pelo coordenador do Laboratório de Mobilidade Sustentável da UFRJ (LABMOB), Victor Andrade, e pela diretora do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), Clarisse Cunha Linke, que concluíram que nada menos que 36% dos brasileiros ainda se locomovem da maneira mais antiga e barata do mundo.
O livro apresenta o Índice de Caminhabilidade (IC) composto por 21 itens que permitem avaliar as condições da área urbana e o monitoramento dos impactos que as mudanças do espaço público passam, além de informar em que medida favorecem ou não os deslocamentos a pé. A cidade do Rio de Janeiro foi uma das primeiras a ser avaliada pelo IC. Foram selecionadas 24 áreas, 250 segmentos e 3.800 edifícios para analisar a caminhabilidade no Rio. Cidades como Nova Iorque, Copenhague, São Paulo e Recife também foram usadas como plano de fundo para essas discussões.
O livro, que está disponível gratuitamente no site do ITDP, reuniu artigos de 37 especialistas que discutiram a necessidade de repensarmos nossas escolhas de deslocamento para a melhoria do bem-estar urbano. Além da mobilidade a pé, também são abordadas outras esferas desse andar pela cidade no campo das políticas públicas, saúde e meio ambiente.
O trabalho é dividido em três momentos. O primeiro traça um panorama com dados atualizados do impacto da caminhabilidade nas calçadas por todo mundo. Na segunda parte são discutidos os impactos e a realidade enfrentada pelos pedestres nas cidades, os desafios em relação à segurança, infraestrutura e sustentabilidade. Finalmente são apresentados trabalhos que avaliam a questão da caminhada e sua condição no meio urbano.