Construção Civil do Rio esboça reação

Após assistir cinco anos de queda, com perda de mais da metade de sua capacidade de mão de obra efetiva, o setor de Construção Civil do Rio de Janeiro espera fechar o ano com um crescimento de 0,5% em relação ao ano passado. Um índice modesto, porém, superior à projeção nacional de 0,3%. Estes e outros números foram apresentados nesta quarta-feira (25/9) em um painel sobre as perspectivas da construção civil no Rio e no Brasil, na sede do  Induscimento (Sindicato das Indústrias de Artefato de Cimento Armado, Ladrilhos Hidráulicos e Produtos de Cimento no Estado do Rio).

“Estamos aí sobrevivendo e esperando a melhora. Outros estados já estão reagindo, o Rio ainda sofre por todas as questões do passado, mas a roda está começando a girar”, afirmou o presidente do Induscimento, Marcelo Kaiuca: “o petróleo mais uma vez está ajudando. Já estão surgindo aqui e ali algumas obras de logística ligadas à indústria de óleo e gás principalmente em Macaé e no Porto de Açu”. Dos R$ 162,3 bilhões em investimentos estimados que estão distribuídos em 111 projetos para os próximos cinco anos no estado do Rio de Janeiro, 82% deles são ligados à indústria do petróleo.  A indústria da Transformação vem em segundo no ranking com 12% deste montante, seguida por desenvolvimento urbano com 3% dos investimentos e infraestrutura com 2%.

Segundo Marcelo Kaiuca, a Construção Civil do Rio ainda sofre com um excesso de oferta de unidades habitacionais. E com a lenta retomada da atividade, os preços ainda não se recuperaram. “Os custos ainda estão muito altos e os preços estão muito baixos”, diz o presidente do Induscimento.  De acordo com dados apresentados pela analista-sênior de Estudos Econômicos da Firjan, Juliana Rangel Pestana, nos últimos anos o setor bancário retomou nada menos que 90 mil imóveis no Rio de Janeiro por dívidas de seus proprietários, “gerando uma oferta que, naturalmente, atrasa a recuperação do setor”, diz ela.

Em comparação aos dados de 2018, o Rio está entre os 12 dos 27 estados da união que apresentaram saldo positivo no mercado de trabalho da construção civil. Foram abertas aqui 6,1 mil novas vagas. Minas Gerais foi o estado que mais gerou empregos nesta área, com 17,9 mil vagas, seguido por São Paulo, com 9,8 mil. O Rio de Janeiro possui ainda um contingente de investimentos parados muito elevado. São quase R$ 15 bilhões (R$ 14,6 bi), a maioria em obras de infraestrutura. Dentre elas as principais são a finalização da nova pista de subida da serra de Petrópolis (BR 040), a conclusão da estação do Metrô na Gávea _ considerada estratégica para a futura ligação com a estação Uruguai, que está nos planos de expansão do Metrô _ e o fim das obras da Usina Nuclear de Angra 3, um  investimento que ainda gera polêmicas.  “Mas a Eletronuclear fez estudos e concluiu que para terminar a usina, precisa de R$ 12 bilhões, e para desmobilizar o empreendimento, seriam necessários entre R$ 10 e R$ 11 bilhões”, comentou Isaque Ouverney, da Gerência de Infraestrutura da Firjan.

Segundo Isaque Ouverney, outro fator que pode incrementar o setor são os R$ 20,3 bilhões de investimentos potenciais que tem o Rio como foco. Entre eles a construção da Ferrovia Rio-Vitória (EF-118), dos terminais portuários de Macaé e Maricá, do contorno rodoviário de Campos e da nova pista de descida da Serra das Araras (BR-116). Ele ressaltou ainda as oportunidades que deverão surgir com a concessão de ferrovias e rodovias federais no estado.