Petróleo e gás podem gerar R$80 bilhões para o Rio até 2023

Uma janela de oportunidades única, porém curta. São essas as perspectivas para o setor de petróleo no Brasil que podem beneficiar principalmente o Rio de Janeiro, com possibilidade de arrecadação de mais de R$80 bilhões em royalties até 2023. O alerta foi feito pelo secretário-geral do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) Milton Costa, durante a reunião da Câmara de Energia do Fórum de Desenvolvimento do Rio realizada nesta terça (20/08) quando apresentou o cenário e a agenda da indústria no país.

 “Não podemos perder tempo. O montante de reservas do estado do Rio de Janeiro é superior ao do México. Em outras palavras, se o Rio de Janeiro fosse um país, em reservas, estaria à frente de nações como México e até mesmo, Noruega e Angola. Levando em consideração que o início da produção de um campo demanda de cinco a sete anos de preparação, os próximos anos são fundamentais para exploração desses ativos enquanto há segura previsibilidade de seu valor no mercado nacional e internacional. Uma oportunidade única de monetizar nossas reservas, gerando riqueza, emprego, renda para o Brasil”, disse Milton destacando o Rio de Janeiro como responsável por mais de 83% das reservas do país.

Milton explica que a próxima década pode representar a última janela de investimentos em óleo e gás já que o pico de demanda global de petróleo está previsto para acontecer entre 2040 e 50. “O desafio é acelerar os investimentos para maximizar o potencial de geração de valor. O setor de energia atravessa uma profunda transformação. Crescem os requerimentos em prol de uma matriz energética mais diversificada e com participação, cada vez maior, de energias renováveis. Embora a demanda por petróleo persista em trajetória ascendente, as principais companhias petrolíferas concordam que a haverá um pico da demanda entre 2040 e 2050, conduzindo a um ambiente ainda mais competitivo para exploração e produção de petróleo ao redor do mundo”, disse.

Segundo os dados apresentados, os números referentes à exploração e produção de petróleo no país não refletem todo o potencial já que o Brasil tem a possibilidade de dobrar sua produção nos próximos anos passando de 3,47 milhões de barris ao dia para aproximadamente 6,40 milhões. Para Milton, o crescimento dos investimentos em petróleo é fundamental também para a geração de empregos, já que o setor petróleo e gás tem a maior produtividade da indústria brasileira e é responsável pelos melhores salários, sete vezes a média das demais. Porém, para que isso seja de fato concretizado é preciso vencer muitos desafios. Dentre eles estão a criação de mão de obra qualificada para o mercado. “Não existe Plano Diretor ou Estratégico para mostrar a importância desse mercado para as crianças e jovens. Nosso futuro depende disso caso contrário vamos ter que importar esses profissionais. Isso extrapola mandatos”, disse. Para contribuir com esse quadro, o IBP criou uma universidade setorial visando a capacitação profissional e vai lançar um museu do petróleo no Rio de Janeiro, previsto para inaugurar em 2022.

 

                                                    

Outros gargalos citados por Milton foram a abertura do mercado de gás natural e também de downstream (transporte, distribuição e comercialização dos derivados do petróleo). O Brasil é o 7º maior consumidor de derivados de petróleo, sendo que 98% estão nas mãos da Petrobras. Já entre os combustíveis fósseis usados para geração elétrica, o gás natural é o que emite menos CO2, viabilizando a transição energética. “A abertura possibilitaria um aumento na competitividade, atraindo assim mais investidores, o que deixaria o setor mais dinâmico e promoveria a geração de empregos”, afirmou Milton, que também citou o licenciamento ambiental, adotando as boas práticas internacionais já existentes para aperfeiçoar o modelo, e a simplificação tributária como pontos de importantes.

O contexto geopolítico também foi lembrado por conta da instabilidade que pode trazer para o mercado. Apesar de não ser possível controla-lo, é preciso estar atento a ele. “A diplomacia do Twitter pode custar caro para o estado do Rio de Janeiro. Para cada variação negativa diária de US$ 5 por barril, o governo do estado do Rio de Janeiro deixa de receber cerca de R$ 2,2 milhões apenas em royalties”, explicou Milton que usou como exemplo a oscilação no preço do barril de petróleo após uma sequência de postagens do presidente norte-americano Donald Trump em suas redes sociais.

A importância de uma cadeia de suprimentos de bens e serviços competitiva, assim como o investimento em tecnologia, inovação também foram pontos de destaque. “Em duas décadas foram gerados mais de R$15 bilhões em obrigações em pesquisas, mas esse número pode chegar a R$ 30 bilhões nas projeções até 2026. A tecnologia permitirá que tenhamos mais eficiência, aumentando a produtividade e diminuindo os custos”, afirmou.

A reunião contou com uma presença expressiva de assessores parlamentares, além dos membros da Câmara. Para a secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento, Geiza Rocha, o legislativo estadual precisa se mobilizar para essa agenda e como isso impacta o Rio de Janeiro. “Estamos num momento de recuperação fiscal e o estado sozinho não tem capacidade de fazer esses investimentos. No momento em que a gente observa quais são as demandas e de que forma a educação é fundamental nesse processo, a gente precisa atrair as indústrias para dessa qualificação profissional dos nossos jovens e no que tange ao ensino médio, que é de responsabilidade do estado. A conexão dos estudantes com essa indústria é que vai gerar um novo patamar de desenvolvimento do estado. Precisamos estar preparados para aquilo que vai acontecer”, concluiu.

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