Principal tempero da cerveja, lúpulo começa a ser produzido no Rio de Janeiro

Boa notícia para os amantes das louras geladas. Responsável pelo amargor e o aroma da bebida, o lúpulo começou a ser produzido na Região Serrana do Rio de Janeiro, pioneira na produção e comercialização de mudas “tropicalizadas”. No programa Rio em Foco que vai ao nesta segunda-feira (19/08) na TV Alerj (Canal 12 da Net) a empresária Teresa Yoshiko, e o chefe de Transparência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Fernando Samary, falam sobre as potencialidades desse setor no estado, e as oportunidades que o programa de crédito, lançado pelo governo, tem de ampliar o cultivo de lúpulo no estado.

A principal vantagem da comercialização do lúpulo do Rio de Janeiro é o seu frescor. Atualmente, o Brasil importa 99% do lúpulo que utiliza na fabricação de cervejas _ algo em torno de 400 mil toneladas desse ingrediente.  “E ele vem pra cá com um, dois anos depois de colhido. No nosso caso, você poderá utilizar o lúpulo oito horas depois de colhido”, explica Teresa.

Naturalmente, a importância da produção do lúpulo é bem maior do que atender ao paladar mais apurado deste ou daquele cervejeiro. Para o subsecretário adjunto de Agricultura Familiar do estado, Adriano Lopes, o plantio pode representar um incremento considerável na produção da Região Serrana. “O comportamento da lavoura foi bastante positivo e o acompanhamento técnico da produção resultou em uma linha de crédito específica no Banco Central que possibilitará ao produtor a utilização de recursos do crédito rural para investir nessa lavoura na Região Serrana do Rio”, diz Adriano: “a expectativa, se conseguirmos alcançar os patamares programados, é que consigamos colocar, imagino, entre R$ 200 e R$ 400 milhões de reais na Região Serrana a partir da implantação dos cultivos de lúpulo”.

Os resultados até agora levantados têm sido considerados promissores, com um produto de excelente qualidade. E que já começa até a chamar atenção de produtores internacionais. No último Mondial de la Biére, o Salão Internacional de Cerveja que foi realizado em Montreal, no Canadá, em maio, Teresa conta que enviou dois quilos do lúpulo brasileiro para apresentar aos produtores. “Só que mais de 60 pessoas se inscreveram para fazer cerveja com o nosso produto. Tivemos de fazer um sorteio diante de tanta procura”, lembra.

 “O mercado de lúpulo tem o potencial de ser bem interessante. O Rio tem hoje 62 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura espalhadas pelo estado. E a cultura de lúpulo tem potencial de fornecer lúpulo fresco para essas cervejarias permitindo produtos diferenciados e também a um custo acessível para as microcervejarias”, analisa José Gonçalves Antunes, especialista setorial de alimentos e bebidas da Firjan.

Associada à pesquisa, a produção de lúpulo acaba por jogar por terra a lenda de que o Brasil não poderia produzir lúpulo por não estar no hemisfério favorável. A atuação da Embrapa na região se divide hoje em três partes: a Embrapa Solos trabalha com os estudos de solos e aptidão de solo para mapear as áreas mais propícias à produção de lúpulo. A Embrapa Agrobiologia, que tem uma tradição de experiência com cultivos orgânicos, vai aportar suas melhores práticas na região. Já a Embrapa Indústria de Alimentos vai ajudar tanto na fase da pós-colheita, orientando a melhor maneira dela ser feita e as etapas seguintes, como secagem e armazenamento, até a própria embalagem. “E todas as essas etapas vão ser balizadas através das análises de alfa/beta ácidos e óleos essenciais, que são os indicadores que nos interessam na hora do lúpulo”, explica Fernando Samary.

Esse ano o plantio começa em setembro e vai até novembro. Teresa conta que reservou uma área de 13 hectares para a produção. “Estou com vários pedidos programados. O lúpulo está indo além da expectativa inicial que tinha. Como essa área é grande, vamos poder não só acompanhar melhor todo o processo de produção da planta, como conseguir uma produtividade mais alta”, conta ela: “aqui no estado já conseguimos três colheitas em um ano. Mas o normal mesmo são duas”.

A partir dessa terça-feira (20/8), o programa estará disponível no canal do Fórum de Desenvolvimento do Rio no YouTube. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (24/8), às 17h, e domingo (25/8), às 20h.