Um museu para todos

Em parceria com o Arquivo Nacional, a UERJ lançou o projeto e-Museu Nacional do Esporte. Trata-se de uma plataforma on-line que reúne um conjunto de acervos e informações disponíveis relacionadas às histórias do esporte no Brasil. No Rio em Foco que vai ao nesta segunda-feira (12/08) na TV Alerj (Canal 12 da Net), os idealizadores do e-museu, os professores Lamartine da Costa e  Bianca Gama Pena, falam sobre a importância de manter viva e preservada a memória esportiva nacional e contam como foi a construção de um inovador museu participativo, onde atletas, fãs e confederações esportivas poderão compartilhar diferentes conteúdos.

Bianca conta que o projeto surgiu inicialmente apenas para registrar o legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. “Mas fazer mais um museu físico não seria tão motivador”, conta ela que buscou parcerias junto a instituições com o Comitê Olímpico Internacional e o Arquivo Nacional para viabilizar o e-museu. “Aí a gente começou a perceber que o desafio era muito maior do que um museu sobre um megaevento. A gente queria revisitar todos os personagens de modo que pudéssemos dar voz a todo mundo e aí a gente entendeu que da forma colaborativa vinha a resposta”, diz.

Principal idealizador do projeto, o professor e pesquisador do Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD), Lamartine Pereira da Costa, enxerga o e-Museu como uma plataforma de conectividade virtual que trará não apenas material de grandes museus ou instituições, mas também de colecionadores e pessoas envolvidas com a memória do esporte.  “O Brasil é muito atrasado em diversas áreas do conhecimento”, diz Lamartine. “Embora, por outro lado, a pesquisa seja avançada. Somos os 11º país do mundo em publicação de artigos científicos. Mas se nos destacamos mesmo em poucas áreas, uma delas são os estudos olímpicos.”

Por “estudos olímpicos” compreende-se o conjunto de estudos de caráter acadêmico que tem como tema, os fenômenos esportivos como os Jogos Olímpicos ou o Movimento Olímpico em suas mais diferentes manifestações. “Eles se distinguem por se basearem muito na memória dos esportes em seus países. É curioso porque depois que os países desenvolveram os estudos olímpicos, a Grécia fez um museu, assim como a China e a Inglaterra”, conta Lamartine. “Nós também tínhamos que ter um, mas como nem o governo, nem a iniciativa privada dos clubes desenvolveram uma solução, foi possível através da inovação e da tecnologia, substituir aquilo que “deveria ser” por algo bem maior e mais acessível”.

O e-museu é, portanto, além de uma plataforma com várias galerias, uma espécie de articulador da memória do esporte nacional. “O Arquivo Nacional tem sido um grande parceiro”, conta Bianca dizendo que o órgão já se disponibilizou a ceder materiais e registros sobre o esporte e personalidades, como os arquivos pessoais das nadadoras e irmãs Sieglinde e Maria Lenk, cedidos recentemente por Francisco Silva Júnior, filho de Sieglinde.  “O Arquivo Nacional vai digitalizar décadas da vida delas e isso vai virar uma página dentro do e-museu. Isso é um grande legado, e mostra que o governo federal, através do Arquivo Nacional, está integrado com a missão de preservação não só digital como também de algumas peças físicas”, conta Bianca. “Nós estamos trabalhando também no desenvolvimento de uma exposição de documentos do nosso acervo sobre a história do esporte no país. E tenho certeza que essa exposição, virtual e física, vai itinerar pelo Brasil e vai ser uma imensa contribuição ao projeto do museu”, diz Neide di Sordi, diretora-geral do Arquivo Nacional.

Para o lançamento do museu foi criada uma galeria em parceria com a Confederação Brasileira de Basquete. “A gente pode estar com toda nossa história, dos jogadores, das entidades, dos campeonatos., as medalhas, tudo isso. Nosso passado, em resumo, sendo lembrado”, diz Carlos Fontenelle, secretário-geral da CBB.  “Esse acervo, que um dia iria se perder, agora vai estar para sempre disponível para os amantes do esporte. Então a importância desse projeto é absurda. É uma coisa sensacional.”

“Mas aí pensamos: e os atletas, que terão suas histórias naquele acervo? Eles também têm histórias diferenciadas para contar. Daí pensamos de que forma os atletas poderiam participar”, revela Bianca. “Assim como a questão dos fãs e colecionadores. Eu, por exemplo, fui atleta amadora de natação e tenho vários acervos que gostaria de compartilhar. Resolvemos então dar acesso gratuito, de forma que os fãs vão poder colaborar com o acervo subindo suas fotos”.

Mas a “cereja do bolo”, como define Bianca, é que a universidade disponibilizou bolsas de estudo para os alunos envolvidos no projeto. “Além disso, etapas do projeto do e-museu serão  projetos finais dos estudantes”, revela ela. Muitos desses alunos já começaram, inclusive, a se organizar em pequenas empresas para prestar serviços ao e-museu. “Ou seja, novas startups estão sendo criadas a partir dessa iniciativa. Por exemplo: a gente tem um designer que criou uma impressora 3D para tridimensionalizar troféus e medalhas que depois vamos usar em alguma ação promocional”, diz.

Pensando no futuro, o e-museu já articula os próximos passos e entre os projetos está uma parceria com o Comitê Olímpico Internacional para traduzir os conteúdos para o inglês e espanhol. “É você possibilitar assim que o mundo tenha acesso às informações que nós temos através do inglês. Você coloca legenda, você explica ou faz algum tipo de tradução para o inglês. Isso para que as pessoas tenham acesso às informações que nós temos e que estamos produzindo através de pesquisa”, conta Ana Miragaya, membro do Comitê Olímpico Internacional.

A partir dessa terça-feira (13/8), o programa estará disponível no canal do Fórum de Desenvolvimento do Rio no YouTube. Na TV Alerj, as reprises serão exibidas no sábado (17/8), às 17h, e domingo (18/8), às 20h.

Para visitar o e-museu basta clicar aqui.