“No futuro não vai faltar emprego, vai faltar qualificação. Para cada emprego que a tecnologia vai destruir, surgirão de dois a quatro outros, em outros lugares”, afirmou o professor Paulo Vicente Alves, da Fundação Dom Cabral, autor de “Um século em quatro atos”, que participou na segunda-feira (10/6) de um talk show na livraria da UERJ, promovido em parceria pelo Fórum de Desenvolvimento e a editora da universidade. O bate-papo contou com mediação da secretária-geral do Forum, Geiza Rocha.
“Uma das contribuições do Forum é justamente compartilhar conhecimento a partir das oportunidades e contatos que gente faz ao longo da jornada”, disse Geiza Rocha. “A gente tem acompanhado a evolução da livraria da UERJ e desse projeto de criar um espaço de diálogo, por isso achamos importante trazer outros professores para ajudar a derrubar os muros da universidade”.
Em sua exposição, Paulo Vicente contou que o livro surgiu de uma demanda de empresas e políticos para quem prestou consultorias. “Muitas empresas vieram me procurar reclamando que o mato estava muito alto. O cenário é de grandes incertezas político-econômicas e a solução foi abrir a angular, ou seja, olhar não só para o futuro, mas também para o passado. Afinal, o futuro é ou não uma continuação do passado? E, se sim? O que eu colho disso?”, comentou Paulo Vicente.
Para o autor o futuro é organizado como uma extrapolação de duas formas de contar a história, ou historiografias. A historiografia dos ciclos hegemônicos explica como o sistema global de trocas tem se organizado desde 1492 até o nosso tempo através de Períodos de Hegemonia variando entre 100 e 140 anos, e Guerras de Transição de 30 anos. Tal modelo analisa como poder político-militar mantém o poder econômico, e vice-versa. Paulo Vicente faz uma análise do futuro, a partir desse modelo de ciclos hegemônicos que tendem a se repetir. “Então quando pensei no livro, veio essa coisa do teatro. Daí resolvi contar uma história em quatro atos, ou os quatro grandes eventos do Século XXI se meu modelo estiver correto”, disse Paulo Vicente.
O “Ato 1”, explica o autor, seria a crise política e econômica que atravessamos hoje. “Mas o sistema capitalista vai se reinventar, gerando o “Ato 2” que é a revolução tecnológica da década de 2040, calcada nas tecnologias que existem hoje”, diz Paulo Vicente. Segundo ele, essa revolução vai gerar desequilíbrios no sistema que dará origem ao “Ato 3”, uma crise generalizada que se juntará à transição dos Estados Unidos para uma nova potência econômica mundial. “O “Ato 4 será a consolidação dessa nova potência econômica na década de 2090”, diz Paulo Vicente.
E como o Rio de Janeiro se insere nesse contexto? “O Rio vive uma grave crise, e é justamente porque vive numa crise que tem de pensar soluções fora da caixa”, afirmou Paulo Vicente. O autor considera fundamental que o Rio comece desde já a pensar além do petróleo, e relaciona no livro 12 tecnologias-chave para reinventar a economia do estado, entre elas a nanotecnologia, robotização e o setor aeroespacial, entre outras.
Paulo Vicente Alves é doutor em Administração e mestre em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e engenheiro formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Atua como professor integral da Fundação Dom Cabral e curador de Estratégia do Watson da IBM. Sua experiência profissional inclui setores de Governo, Defesa Aeroespacial, Educação, Energia e docência em cursos nacionais e internacionais.
Clique aqui para assistir ao programa "Conhecimento na tela", no canal do Fórum de Desenvolvimento no Youtube, no qual o professor Paulo Vicente Alves fala de cenários possíveis para o Rio e o impacto das novas tecnologias na oferta de trabalho e criação de novas vagas no estado. A apresentação fez parte do seminário “Desafios do Emprego no Estado do Rio de Janeiro”.
Clique aqui para assistir a entrevista de Paulo Vicente Alves ao programa "Rio em foco" da TV Alerj.
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