Alerj pode ser protagonista de movimento por Linguagem Simples no Rio

“Textos complicados de ler excluem milhões de brasileiros”, resumiu a jornalista e pesquisadora Heloisa Fischer durante o workshop Comunica Simples, realizado nesta quinta (06/06), na Escola do Legislativo. O evento abordou de que forma o Legislativo pode aproveitar o movimento da Linguagem Clara na produção de projetos de lei e resoluções internas e reuniu assessores parlamentares, além de representantes de outros órgãos da administração pública.

Segundo Heloisa, a linguagem simples é uma causa social, um direito civil, e uma técnica de comunicação, que surgiu durante um movimento iniciado há 40 anos nas sociedades inglesas com o nome de “plain language”. “Ela defende o direito de entender os textos que são fundamentais para o nosso cotidiano. Como técnica de comunicação, ensina a elaborar textos que sejam mais fáceis para a pessoa ler”, explicou Heloisa, que acredita ser essa uma pauta urgente no Brasil de hoje por conta da baixa escolaridade da população.

 

 

                                                

Dados do Instituto Paulo Montenegro, vinculado ao IBOPE, apontam que o número de analfabetos funcionais no país chega a 29% da população economicamente produtiva (de 15 a 64 anos). Entre os com mais de 50 anos, esse número chega a 53%.

 “Hoje temos uma política de governança digital que leva o cidadão para resolver as coisas na internet. Não existe mais o balcão de informações, o telefone e o usuário precisa se virar. A maioria dos analfabetos funcionais tem mais de 50 anos e é o grupo mais precisa usar os serviços sociais. Por isso a necessidade de transformar a comunicação escrita numa estrutura que seja mais fácil de ser entendida”, afirmou.

Heloisa também destacou que diversos países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Colômbia, além de Chile e Argentina já adotaram a linguagem simples como política de governo.  Os dois últimos já formaram redes institucionais que promovem a linguagem simples com a capacitação de servidores para se comunicar de forma mais simples com o cidadão. “É um movimento muito vibrante na América Latina e eles têm muito a colaborar caso o Brasil resolva também implementá-la”, disse Heloisa que afirmou que já tramita na Câmara de Vereadores de São Paulo, um projeto de lei que cria o programa municipal de linguagem clara.

                                                 

“O Poder Legislativo do Rio de Janeiro ganhará imensamente ao assumir o protagonismo da divulgação da linguagem simples ao estimular os órgãos públicos e as organizações privadas que tratem a informação escrita com o cuidado e simplicidade que ela requer”, concluiu.

Como primeiro passo, Heloisa sugeriu a criação de um grupo de trabalho para debater o tema, a realização de um seminário para despertar sobre a importância da linguagem clara, além da criação de uma rede institucional que promova uma mudança de cultura, além da capacitação dos servidores.

“No workshop de hoje falamos sobre as técnicas disponíveis para que a gente possa tornar isso uma prática comum no poder público. Foi muito produtivo observar que os legislativos da América Latina já estão antenados no tema, com muita base de informação para que a gente possa começar a capacitar os órgãos para que eles comecem a pensar de forma clara, beneficiando o cidadão”, afirmou a subsecretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Geiza Rocha.

                                             

A palestra fez parte do projeto Fórum Capacita, que visa a aproveitar a expertise das 50 instituições que integram o Fórum de Desenvolvimento do Rio para gerar oportunidades de aperfeiçoamento para os agentes públicos em geral, seja do Legislativo ou de outras esferas de Poder.

 

Assista à íntegra do workshop clicando aqui.