A conclusão de Angra 3 é uma das propostas presentes no Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2016-2025. Isso motivou a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) a elaborar a nota técnica “Impacto da conclusão de Angra 3 para a segurança energética e o desenvolvimento do Rio de Janeiro e do Brasil”, que defende a retomada das obras na usina. De cordo com o documento, que lista os impactos, a retomada da obra representaria cerca de 9 mil postos de trabalho diretos e indiretos na região, além de estimular novos investimentos na cadeia nuclear e alavancar a estrutura local.
Em 2017, a ALERJ sediou um seminário, organizado pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio em parceria com a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), em que debateu as oportunidades de desenvolvimento da indústria nuclear e seu papel na recuperação econômica fluminense. Na ocasião, o presidente da Abdan, Celso Cunha, defendeu o papel estratégico desempenhado pelo estado do Rio no desenvolvimento dessa tecnologia, já que é o único no país a possuir duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e Angra 2. Os palestrantes alertaram ainda para a necessidade da retomada das obras em Angra 3, que está com 2/3 das suas obras concluídas. Para finalizá-la, são necessários R$ 17 bilhões em investimentos.
Na ocasião, ele ainda defendeu a manutenção do Plano Estratégico Energético Brasil 2050, que prevê a construção de quatro novas usinas até 2030 e mais oito até a metade deste século, totalizando 15 centrais nucleares brasileiras. “A matriz energética, que é essencialmente hídrica, passa por um problema grave que é a falta de água. Existe uma série de usinas hidrelétricas que não produzem 1kW há mais de dois anos, e não existe mais espaço para expansão. É a hora das usinas nucleares", explicou.
A nota técnica da Firjan destaca ainda que, entre 2016 e 2018, o Rio foi o estado que mais fechou postos de trabalho no país, sendo o município de Angra dos Reis um dos mais impactados, com perda de 7 mil vagas, o que equivale a 17% de seu mercado de trabalho. Na visão da Federação, abandonar Angra 3 não é mais uma opção, pois a conclusão de suas obras trará vantagens significativas para a sociedade. No documento, algumas medidas foram apontadas como necessárias para a retomada da sua construção, como qualificar a usina no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), desenhar um arcabouço regulatório próprio para geração nuclear, reduzindo a insegurança jurídica, e adotar mecanismos de compliance para diminuir riscos de nova paralisação do projeto.
“Fica claro que os ganhos com a conclusão de Angra 3 ultrapassam a esfera energética. Segundo estudo encomendado pela Eletronuclear, a usina possui impacto multiplicador na economia regional: para cada real investido no projeto, serão gerados R$ 1,57 no estado do Rio de Janeiro e R$ 2,28 no país", diz a nota técnica da Firjan, identificando os impactos da conclusão da usina para a segurança energética do país e desenvolvimento do Rio.