O Cais do Valongo, um dos Patrimônios Mundiais da Humanidade reconhecido pela Unesco em 2017, agora em novembro foi tombado pelo governo do estado. Encontrado em 2011 após as obras de revitalização da Região Portuária, serviu no começo do século XIX como porta de entrada no país para o comércio de escravos. Pesquisadores calculam que, ao longo de 20 anos, o local tenha recebido cerca de 1 milhão de escravos. Conhecido como Pequena África, concentra pontos de referência para a história da herança africana.
O Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana reúne, além do Cais do Valongo e da Imperatriz, a Pedra do Sal, o Jardim Suspenso do Valongo, o Largo do Depósito, o Cemitério dos Pretos Novos e o Centro Cultural José Bonifácio.
“Com o tombamento do Cais do Valongo, temos instrumentos legais, para preservar, valorizar e proteger esse monumento de valor incalculável, não só para o Brasil, mas para toda a humanidade”, enfatizou o diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), órgão vinculado à Secretaria de Cultura, Marcus Monteiro.
Conheça os principais pontos de visitação:
• Centro Cultural José Bonifácio – Construído por ordem de D. Pedro II para a educação da comunidade carente da Região Portuária, é uma das antigas Escolas do Imperador, projeto do arquiteto Francisco Bettencourt. O palacete da Rua Pedro Ernesto 80, na Gamboa, é um centro de referência da cultura afro-brasileira.
• Cemitério do Pretos Novos – Rua Pedro Ernesto, 32, Instituto Pretos Novos (INP)
É considerado o maior cemitério de escravos das Américas. Pretos Novos eram os cativos recém-chegados ao Brasil. Muitas vezes, não resistiam e morriam ao desembarcar. Somente os negros pertencentes às ordens religiosas tinham direito a um enterro cristão. O sítio arqueológico foi descoberto em 1996, quando moradores reformavam a casa.
• Jardim Suspenso do Valongo – Antiga Rua do Valongo, que ligava o Cais do Valongo ao Largo do Depósito, abrigava lojas que vendiam escravos e artigos relacionados à prática da escravidão. No início do século XX, por ocasião do alargamento da via, foram construídos o Jardim Suspenso do Valongo, a Casa da Guarda e o Mictório Público, A escavação arqueológica encontrou vasto acervo que remete à “tralha doméstica” da época, revelando costumes e mentalidade dos habitantes do Morro da Conceição.
• Cais do Valongo e da Imperatriz – Construído em 1811, com o objetivo de retirar da Rua Direita, atual Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. O Cais está localizado na Praça Jornal do Comércio. O marco que existe na praça é um antigo chafariz (1872) com referência ao desembarque da Imperatriz.
• Largo do Depósito – Largo do Depósito, hoje Praça dos Estivadores, concentrava armazéns de negociantes de escravos.
• Pedra do Sal – Era o local onde os africanos escravizados descarregavam o sal, no século XVII. Os degraus foram esculpidos para facilitar o trabalho de subir na pedra lisa. Em 20 de novembro de 1984, foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). O marco fica no fim da Rua Argemiro Bulcão.