Pesquisadores debatem o impacto das tecnologias 4.0 na indústria do futuro

Para os professores João Carlos Ferraz e David Kupfer, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), os próximos dez anos serão de mudanças profundas nos modelos de negócio, padrões de concorrência e estruturas de mercado. Eles são autores da pesquisa encomendada pela CNI "Indústria 2027: Riscos e Oportunidades para Brasil diante Inovações Disruptivas", em que foram analisados dez setores da indústria. O projeto, realizado em parceria com pesquisadores da Unicamp, teve como objetivo avaliar como oito grupos de tecnologias - como a Internet das Coisas, Inteligência Artificial, entre outras -, vão impactar diretamente esses segmentos.

Eles palestraram na abertura solene do 12º Encontro Anual do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), realizado em outubro, no Rio de Janeiro. "Um dos novos desafios que o Brasil irá passar é a questão da gestão do estado, pois se o mundo está mudando e as empresas estão acompanhando, o estado também não deveria mudar? Algumas pontas do nosso governo são relativamente avançadas, como as urnas eletrônicas e o imposto de renda, por exemplo. Mas em que medida isso atinge uma vasta amplitude dos serviços que são prestados ao cidadão?", questiona Ferraz.

 

 

De acordo com os pesquisadores, a adequação à esta realidade e a compreensão dessas tecnologias disruptivas são fundamentais para a existência dos negócios, no entanto, existem ainda muitos desafios a serem vencidos, principalmente de caráter político, como a segurança das comunicações e informações, a privacidade das pessoas, a propriedade de bases de dados, a propriedade e direitos de proteção de dados genômicos e/ou biodados.

O professor João Carlos Ferraz conversou com a equipe do portal Quero Discutir o Meu Estado após a apresentação. Veja abaixo a entrevista:

1. Qual o horizonte temporal analisado pela pesquisa?
De 10 anos. O trabalho começou em 2017 e foi finalizado em maio de 2018, então o horizonte era 2027. Período para que as inovações comerciais, estivessem no mercado.

2. Na sua opinião quais setores serão mais impactados pelas tecnologias 4.0?
Todos serão impactados, e em até dez anos todas as atividades econômicas serão afetadas por essas tecnologias emergentes em alguma medida. Não há como destacar um ou outro, o importante é que, em algumas delas, as inovações vão acontecer de uma maneira tão forte que o investimento nessas tecnologias será igual ao investimento total das empresas. Em outros setores não, o investimento em novas tecnologias será uma parte, talvez pequena, do investimento total, mas todas elas serão afetadas. Em todas elas, os modelos de negócios vão ser modificados para que sejam mais integrados, mais conectados, mais inteligentes e a dimensão de serviço será cada vez mais relevante.

3. No seu ponto de vista, quais serão os maiores desafios para o governo dentro deste cenário das tecnologias 4.0?
O desafio é que o Estado também tem que ser um Estado 4.0. É preciso não somente a adoção de tecnologias, mas que os funcionários públicos estejam capacitados o suficiente para entender, compreender e interagir, além de tentar fazer sentido a essas transformações, pois muitas delas ainda estão por serem descobertas. A inteligência do funcionário público importa, e muito, então cada vez mais os servidores competentes serão muito importantes, independentemente de qualquer outra coisa, pois precisamos de um Estado mais inteligente, mais conectado e mais integrado.

A íntegra do estudo pode ser acessada aqui.

Assista também a entrevista que o professor João Carlos Ferraz concedeu ao Rio em Foco.