Combate à poluição plástica é debatido na Alerj

Os oceanos representam 71% da superfície terrestre e respondem por 97% de toda água do planeta. Neles encontram-se uma rica biodiversidade essencial para vida humana. Além de serem responsáveis por boa parte do oxigênio existente, os oceanos também são reguladores climáticos. Com todas essas características é difícil imaginar a vida sem eles. No Dia Mundial dos Oceanos, o Fórum de Desenvolvimento do Rio, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista da Alerj, celebrou a data com um evento que debateu a poluição ambiental causada pelo plástico. Calcula-se que 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos mares anualmente. O seminário “Oceanos de Plástico: políticas públicas e práticas sustentáveis” foi realizado nesta sexta (08/06).

Atualmente a poluição plástica é considerada uma das principais causas de danos ao meio ambiente e à saúde. Mesmo assim, os números da produção e descarte incorreto deste material não param de aumentar. Dados mostram que mais plástico foi produzido na última década do que em todo o século passado. Por ano no mundo são consumidas até 5 trilhões de sacolas plásticas. Com o objetivo de reduzir o consumo do produto e lidar melhor com o impacto ambiental gerado pelo material, a Alerj aprovou recentemente o projeto de lei nº 316/2015, de autoria do deputado Carlos Minc (PSB), que proíbe a distribuição de sacolas plásticas descartáveis por parte dos estabelecimentos comerciais.

“A proposta visa a substituição das "sacolinhas" por bolsas reutilizáveis ou biodegradáveis. Hoje o Rio de Janeiro coloca no meio ambiente quatro bilhões de sacolas plásticas por ano, entupindo rios, canais, provocando inundações”, explicou Minc, que é presidente da Frente Parlamentar Ambientalista. Segundo o deputado, uma vez sancionada, a lei pode retirar de circulação cerca de 2 bilhões de sacolas plásticas ao ano.

Durante o evento, foram abordados temas como o potencial econômico da Baía de Guanabara, os desafios do saneamento, a caracterização dos plásticos, além das práticas sustentáveis de substituição de materiais e de aproveitamento não tradicional de resíduos plásticos (economia circular). “Temos de encontrar novas formas de lidar com o plástico. Não existe uma única solução, é preciso ter consciência ao comprar uma embalagem e pensar de onde ela veio e para onde ela vai e como você contribui para fechar esse ciclo, trazer para si a responsabilidade”, destacou Bruno Temer, fundador do escritório de design MateriaBrasil.

Segundo Bruno, as indústrias têm o papel importante de criar uma estrutura de logística reversa ou de embalagens retornáveis, mas cabe ao usuário escolher as empresas que atuam com sustentabilidade. “O momento da compra é o primeiro passo. Pequenas escolhas no cotidiano podem reduzir bastante, não sei se o consumo, mas o descarte desenfreado”, completou.

Pesquisas apontam que a cada minuto 1 milhão de garrafas plásticas são compradas no mundo e 90% da água engarrafada contém microplásticos, apresentando um grande risco para a saúde humana. Segundo Minc, a Alerj já estuda a proibição dos microplásticos e pode se tornar o primeiro estado do país a abolir o uso deste material, presente nos aparentemente inofensivos xampus, por exemplo.

“Penso que devemos reciclar sempre que possível, já que o resíduo é um material que pode ter uma utilidade e economicamente é mais barato do que o polímero novo. Já os biodegradáveis são indicados para materiais que não possuem uma forma de reaproveitamento ou para aqueles de vida curta, como embalagens descartáveis, desde que tenham a destinação correta” disse Teresa Fernandes, pesquisadora de plásticos biodegradáveis.

Segundo especialistas, metade do plástico consumido pelos humanos é descartável, podendo ser evitado.

A professora e também pesquisadora do Instituto de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Elen Pacheco fez coro ao discurso. “Não temos mais como viver sem plástico. O que precisamos agora é buscar utilizar o material de uma forma melhor e com menos impacto. Produtos com o tempo de vida útil curto precisam ser revistos e a educação ambiental é fundamental nesse processo”, afirmou.

A poluição ambiental causada por resíduos plásticos já prejudica cerca de 600 espécies, das quais 15% estão ameaçadas de extinção, o que também ocorre na Baía de Guanabara, conforme o trecho do documentário “Baía Urbana”, do biólogo marinho e diretor Ricardo Gomes, exibido durante o encontro. Se nada for feito, até 2050 os oceanos terão mais plásticos do que peixes.

Os programas de despoluição da Baía de Guanabara também estiveram em debate. Para o engenheiro Elvio Gaspar, é preciso haver vontade política para resolver a questão.
“Precisamos criar um ambiente institucional favorável e a sociedade tem que cobrar para que isso aconteça. A agenda ambiental perdeu importância no atual contexto de crise do país e do estado e a Alerj tem agora o papel de construir esse ambiente”, concluiu Elvio.

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