Diante da crise econômica e política, se faz cada vez mais necessário discutir propostas que ajudem a retomar o desenvolvimento do estado do Rio. Para colaborar com esse desafio, o 2º Encontro da PME do Rio de Janeiro, realizado dia 6/03, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) reuniu especialistas para debater o tema “O Rio além do Rio – Cenários, Tendências e Inspirações”. Porém, durante o evento, o assunto segurança pública foi destaque em todas as palestras.
Especialistas convidados pontuaram as consequências do cenário atual para o estado e de que forma a violência afeta a rotina das empresas. Também foram discutidas propostas para o futuro do Rio e a expectativa existente sobre o papel das pequenas e médias empresas (PME) para a retomada da economia fluminense.
De acordo com o economista-chefe do Sistema Firjan, Guilherme Mercês, a violência do Rio é alarmante, principalmente, para setor empresarial. “Hoje a questão da segurança pública tem sido um grande impeditivo aos negócios. Temos que resolver esse problema, caso contrário, não há ambiente de negócios que resista”, ressaltou. Mercês falou ainda da importância para os novos empreendedores de traçar cenários dentro do mercado e saber transitar entre eles.
A projeção da Firjan em 2018 para o Rio de Janeiro é um crescimento de 1,2% no PIB do estado. Um valor baixo, se comparado ao possível crescimento do Brasil (de 2,5% a 3%), mas que marca a saída do estado fluminense da recessão. O novo Programa de Recuperação Fiscal, segundo o economista, é uma boa alternativa para o futuro do Rio. “Olhando para ambientes de negócios, as boas notícias vêm do novo programa de concessões e privatizações. O governo federal tem grandes oportunidades de investimento e temos que empurrar, no bom sentido, tanto o estado quanto os municípios para essas vertentes”, analisou Mercês.
O professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Francisco Teixeira, apresentou um mapeamento da segurança e da criminalidade no Rio. Ele ressaltou os riscos da intervenção militar. “As forças armadas não foram treinadas para ser polícia. Elas foram treinadas para o embate, para o combate. O uso como polícia é extremamente arriscado”, enfatizou.
Apresentando um panorama da crise no Rio, o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Vicente Alves, mostrou como o estado fluminense tem enorme capacidade para se desenvolver. "O Rio é um grande centro logístico. Ainda somos o berço intelectual do Brasil e o local com maior concentração desse capital, além disso a crise hídrica do mundo é menos grave aqui. O povo precisar saber de todo esse nosso potencial”, pontuou. Alves revelou ainda que o estado pode ser o berço do setor de telecomunicações, por meio da retomada do processo de industrialização com foco na indústria 4.0, e um potencial local para a expansão de tecnologias espaciais.
A programação do encontro, mediada pelo professor e CEO da Sisen, Jaci Tadeu, contou ainda com uma mesa de debates com os palestrantes e a participação do diretor da Associação de Atacadistas e Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro (Aderj), Joilson Barcelos; do vice-presidente e benemérito do Desenvolvimento Estratégico da ACRJ, José Antônio Nascimento Brito; e do presidente da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro), Álvaro Cysneiros.
Um dos assuntos mais comentados foi a importância da reforma tributária para o avanço das empresas e do estado. Segundo Guilherme Mercês, nos dois últimos anos de recessão houve um recorde de fechamento de empresas e, as que sobreviveram à crise, se tornaram inadimplentes tributariamente porque não tiveram capacidade financeira de pagar os altos impostos.
O filósofo e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mário Sérgio Cortella, fechou o evento com uma palestra motivadora sobre o potencial do nosso país e do nosso estado para investimento e desenvolvimento. Cortella enfatizou que somos o 5º maior país do planeta, favorecidos pela relação demográfica, com terras aproveitáveis e algumas reservas ainda não exploradas, mas não damos valor. “Somos uma nação abundante, mas, ela é acima de tudo, uma nação disperdiçante”, lamentou. Para o filósofo, os empreendedores devem se esforçar para fazer o seu melhor, dentro das condições oferecidas, e não apenas o possível, pois esse será o diferencial dentro do mercado competitivo.