“As arenas do Parque Olímpico criadas para os Jogos não estão abandonadas. Criamos um plano de legado consistente e estamos cumprindo o planejamento, inclusive com uma agenda de eventos”. A afirmação foi feita nesta sexta (04/08) pelo presidente da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), Paulo Márcio Mello, durante o Fórum de Estudos Olímpicos, realizado na Universidade Santa Úrsula. O evento reuniu o meio acadêmico e profissionais atuantes em esportes para avaliar os impactos da Rio 2016, um ano após a sua realização. Segundo Mello, as arenas do Parque Olímpico receberam até agora nove eventos e outros 17 já estão confirmados. A AGLO ainda aguarda a confirmação de 40 outros eventos.
“Passamos por uma adequação do modo jogo para o modo legado que durou cinco meses. Esse foi o tempo para retirada das instalações provisórias e não havia condições de abrir o Parque ao público por questões de segurança. Em fevereiro o local foi liberado e iniciamos a programação de eventos. Londres levou dois anos para concluir esse processo”, disse o presidente.
Na ocasião, Mello também anunciou que a Arena 2 do Parque Olímpico deve ser totalmente reformada até novembro deste ano para servir de treinamento para esportes de alto rendimento. As obras da arena, que recebeu as competições de judô, luta livre, esgrima e luta Greco-romana, serão bancadas com o dinheiro do aluguel das instalações para eventos como o Rock in Rio e a Comic Con Experience.
“O dinheiro proveniente da locação desses espaços será investido no aperfeiçoamento da Arena 2. Não quero dinheiro na conta da AGLO. Quero dinheiro transformado em benfeitorias para o legado”, afirmou. Mello também disse que já assinou acordos com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e com a Confederação Brasileira de Clubes (CBC) para utilização das instalações.
Após participar da abertura do Fórum de Estudos Olímpicos 2017, Mello se reuniu com 14 pesquisadores e especialistas em temas ligados ao legado para conhecer os estudos feitos na área e como a AGLO pode contribuir para esse processo. Foram abordados temas como o legado urbano do Parque Olímpico, com a possibilidade de arborização dos espaços, sustentabilidade, comunicação com a sociedade e a preservação documental dos Jogos. O encontro contou com a mediação da jornalista Geiza Rocha, subdiretora-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, órgão da Alerj. Uma das solicitações atendidas foi a do gerente de Educação do Comitê Rio 2016, Vanderson Bertat, que pediu a continuidade da formação e capacitação de professores em parceria com o Ministério da Educação sobre a história dos Jogos, com visitação dos alunos às instalações nos fins de semana. “A verba para a realização desse projeto nós já temos e vem do MEC, porém, não conseguíamos sentar com a prefeitura para dar prosseguimento e ter acesso ao Parque. Agora poderemos retomar esse legado”, afirmou Vanderson. "O Parque está aberto a todos os senhores para construirmos juntos esse legado. Nossa intenção é que possamos fazer deste um legado participativo", afirmou Paulo Mello.
Participaram do encontro Renata Latuf Sanchez, da USP, Karina Cancella, da UFRJ/CPII, José Vicente Ambrósio, da FACHA, Ailton Oliveira e Marcelo Haiachi, da Universidade Federal do Sergipe (UFS), Bianca Gama Pena, Branca Terra e Silvestre Cirilo, da UERJ, Silvio Telles, da UERJ/UFRJ, Vanderson Berbat, Otávio Tavares, Nelson Todt, do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, Alessandra Scarton, do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUC-RS e Carla Rocha Araújo, da FADEUP/UERJ.
A AGLO sucedeu a Autoridade Pública Olímpica (APO), por meio da Medida Provisória 771 de 29 de março de 2017, com a missão de desenvolver um modelo de gestão sustentável das instalações do Parque desenvolvendo parcerias público-privadas. "Esse encontro foi uma oportunidade única de unir o conhecimento produzido pela Academia ao desafio cotidiano e complexo de gerir as instalações olímpicas. Certamente os pesquisadores ganham com este contato a possibilidade de se aproximar da AGLO, e a AGLO ganha também ao ter contato com as experiências e o conhecimento destes pesquisadores", avaliou Geiza Rocha.
O Fórum de Estudos Olímpicos 2017 continua neste sábado, às 9h, com uma programação que debaterá os desafios profissionais do desenvolvimento de legados com a participação do gerente geral de Educação do Comitê Rio 2016, Vanderson Berbat; o diretor de planejamento e relações institucionais da Riotur, Lucio Macedo, além de representantes do Sebrae e do Laboratório de Bioquímica de Proteína da Unirio. O evento encerra com uma comemoração do primeiro aniversário da Rio 2016. “Precisamos preservar o que os Jogos trouxeram de legado nas áreas de conhecimento, da gestão e das instalações deixadas pelo evento. O intuito do evento foi fazer circular as informações das universidades para a sociedade apresentando 53 estudos em busca de soluções”, explicou Lamartine da Costa, professor da UERJ, pesquisador do Comitê Olímpico Internacional e um dos organizadores do Fórum.
No evento, o Fórum de Desenvolvimento do Rio distribuiu a versão atualizada da publicação "Legado dos Megaeventos Esportivos", que reúne todos os materiais dos debates sobre o tema realizados pelo órgão desde 2009. Baixe aqui a publicação: Legado dos Megaeventos Esportivos 2017