Energia solar chega ao comércio brasileiro

Estudos comprovam que, em escala global, a energia solar é a que tem gerado mais investimentos e avanços tecnológicos. Nos últimos dados divulgados (2014), houve um aumento de 39% no uso desse tipo de energia. Aqui no Brasil, o crescimento ainda é tímido (4,5% ao ano), mas de acordo com a presidente do Conselho Empresarial de Energia, da ACRio, Olga Simbalista, o setor está no meio de uma revolução. “Na indústria, no comércio e até mesmo na sua nossa casa, nós podemos gerar energia para nós mesmos. Antes gerava energia na usina, transmitia, distribuía e chegava ao consumidor. Agora o cidadão passa a ser, praticamente, o produtor da sua energia”, explica Simbalista, se referindo à geração distribuída. Ela lembra, ainda, que o retorno de investimento depende de vários fatores, mas estudo mostram que demora, em média, 6 anos para recuperação total.

 

Com o crescimento de 39% em apenas um ano, a energia solar foi a que mais teve investimentos em 2014.
Eólica (12%) e Geotérmica (7%) ficaram logo em seguida.

Além disso, a baixa nos preços de instalação e de placas, a criação de leis de incentivo, linhas de financiamento e o acordo realizado na COP 21, são incentivadores para o uso desta fonte de renovável. Para o ex-secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, no Brasil, ainda existe muita dependência da energia das hidrelétricas, mas o país possui todas as vantagens para novas fontes. “Nós temos tudo o que precisa, mas não basta só isso. Temos que começar a investir na capacidade de fabricar, desenvolver novas tecnologias, para explorarmos de maneira eficiente essa riqueza”, afirma Ventura Filho.

Diversos especialistas e interessados no tema estiveram na 18ª edição do Seminário Energia para o Rio de janeiro ( Enerj), realizado no dia 25 de novembro, na AcRio. O congresso, que acontece há 26 anos, teve como tema a energia solar e sua chegada ao comércio. Na ocasião, o Conselho de Energia começou a realizar um estudo sobre a utilização deste tipo de energia no centro da cidade. De acordo com o consellheiro Roberto Aroso, esse projeto pode servir como uma "caixa de reverberação" e estímulo para outros locais do Rio e do país.

O auditório da ACRio ficou lotado para a 18ª edição do ENERJ. Participantes puderam debater sobre a energia solar com
especialistas da área, no dia 25 de novembro.

Mapa Solar do Rio de Janeiro

O Governo do Estado lançou, em agosto, o Mapa Solar do Rio de Janeiro, que permite identificar o potencial de geração de eletricidade nos telhados da capital fluminense. O aplicativo pode ser acessado através do site: http://mapasolar.rio. O serviço possibilita visualizar dados como a irradiação solar e a área disponível em cada edifício da cidade. Com o conhecimenrto do potencial do telhado, por exemplo, é possível calcular a economia na conta de luz com a intalação de um equipamento de energia fotovoltaica em casa. O mapa foi realizada pela parceria entre a Cooperação Alemanha Brasil, através da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH; do Governo Federal através da Empresa de Pesquisa Energética, EPE; da Prefeitura do Rio de Janeiro, através do Instituto Pereira Passsos, IPP; e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, (SEDEIS).

Exemplo alemão

Um dos exemplos de países que usam a energia solar como uma das principais matrizes energéticas é a Alemanha. Desde o começo do século XXI, o governo oferece subsídios para quem quer instalar placas na sua residência. O cidadão que faz isso gera sua própria eletricidade e vende o excedente para os vizinhos a preços competitivos. De acordo com o Diretor Executivo da Câmara de Comércio Indústria Brasil-Alemanha, Philipp Hahn, além dos incentivos, um dos motivos para o uso maior de fontes renováveis foi o acidente nuclear ocorrido em Fukushima, em 2011. No país europeu, em determinados momentos, mais da metade da demanda de eletricidade do país foi suprida por painéis fotovoltaicos.

 

Texto: ACRio