Agricultura familiar no cardápio olímpico

Você sabia que parte dos alimentos que estão sendo servidos nas Olimpíadas Rio 2016 são frutos da agricultura familiar?

É isso mesmo. De Paraty e São Fidelis vêm as bananadas. De Itaocara, a goiabada. De São Francisco de Itabapuana, a carambola. De Tanguá, a laranja. Além desses, têm os feijões vermelho e preto e outros vários gêneros alimentares que saem dos mais diversos pontos do Rio de Janeiro. Até o final das Olimpíadas serão 215 mil refeições servidas para os atletas da NBA; do remo, vôlei e triatlo da Austrália; no Espaço Time Brasil; na Casa Cartan e na New Balance.

Da semente à colheita é com o produtor rural. A União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro, UNACOOP, faz a ponte entre o campo e a cozinha. De lá até os pratos é com a equipe do Buffet Claudia Vasconcellos, restaurante contratado pelo Comitê Olímpico para suprir parte da alimentação nas Olimpíadas.  

O movimento é uma das atividades da Iniciativa Rio Alimentação Sustentável, que acredita na oferta de alimentos saudáveis e sustentáveis para os Jogos Olímpicos de 2016 e na transformação das cadeias de valor de alimentos. A  Sociedade Nacional dos Agricultores faz parte desta Iniciativa.

Para atender à essa demanda, a união de 149 organizações de pequenos produtores rurais e assentamentos da reforma agrária associados do Estado do Rio de Janeiro faz um trabalho de colheita um pouco diferente. Indo até os pequenos produtores de mais de 70 municípios do Estado do Rio de Janeiro busca os alimentos que o buffet de Cláudia precisa. As distâncias são encurtadas pela interatividade da rede. Rapidamente circulam as notícias de quais produtos são necessários e onde está o agricultor que pode oferecer.

A presença dos agricultores familiares do interior do Rio através da sua produção agrícola dentro do megaevento esportivo é muito vasta. Isso expressa um dos papéis destes para o espaço no qual ocorrem: a possibilidade de movimentar a economia local nos mais diversos setores.

O escoamento é uma fase importante da agricultura familiar. A União de Associações e Cooperativas funciona como uma instituição que une os agricultores familiares e ajuda na logística da comercialização de sua produção. Ela atua também na organização dos produtores, ativando a rede e otimizando os gastos.  Assessora os agricultores familiares; promove a mobilidade da produção e a capacitação para aqueles que estão no campo.

Hoje, a maior parte do que é colhido cumpre com o papel de abastecimento escolar. A atuação da agricultura familiar no setor público se dá por meio do PNAE e de outros programas governamentais como o Plano de Aquisição de Alimentos – PAA.

Durante um agradável almoço conversamos com Margarete Carvalho Teixeira, gerente e fundadora da UNACOOP. Juntas buscamos entender como uma cooperativa de agricultores familiares que atende a esfera público se reinventa para atender a demanda do setor privado.

Entre inúmeras ligações, conversas, fotos e mensagens que são trocadas pela equipe no Whatsapp, Margarete nos disse: “Para mim foi muita emoção saber que a gente ia poder vender para as Olimpíadas”. Ela acrescentou ainda a importância do fortalecimento do escoamento da produção local para empresas privadas. Além do trabalho de distribuição, a instituição embala e transporta os produtos para que estes cheguem da melhor maneira possível nos centros de recebimento.

Essa conectividade torna possível o desafio de adaptar o modelo de venda pública para o setor privado. Com as informações circulando de maneira ágil, as demandas que surgem em tempo real, diferente do modelo público, podem ser cumpridas. Isso acontece com muito esforço, correria e também muito diálogo, confiança e compreensão de todas as partes envolvidas.

A distribuição dos produtos da agricultura familiar através dos programas do governo é interessante para os pequenos produtores em função de haver um controle sobre o lucro e a demanda de produtos, nos diz Margarete. Esse formato só é possível em função da parceria estabelecida com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os gêneros alimentares das organizações associadas podem ser encontrados, além de nas escolas, no pavilhão 30 do CEASA-RJ.

Desta parceria histórica fica uma lembrança: os alimentos saudáveis dos pequenos produtores do Rio brilharam nas Olimpíadas.

Fonte: http://www.organicsnet.com.br/

Veja Mais:

Os potenciais da Agricultura Familiar Fluminense - link

Falta de qualificação, insumos e pesquisas dificulta o trabalho de produtores orgânicos - link