Para reduzir taxa de homicídio é preciso desconstruir o perfil do infrator, ressaltam jovens

A violência é um fenômeno social complexo, sendo necessário identificar as suas causas nos diferentes contextos para criar uma política preventiva. Segundo os dados do Atlas da Violência 2016, 92% dos homens e 54% dos jovens entre 15 e 29 anos são as maiores vítimas de homicídio no país. Para reverter esse quadro, cerca de 40 jovens propuseram medidas como a desconstrução do perfil do criminoso – percebido pela sociedade como o perfil de uma pessoa favelada e negra –, a criação de um sistema para facilitar socialização da juventude e a elaboração de trabalho social com a família como forma de prevenção da juventude sujeita à vida de crime e ao homicídio.

Diferentemente dos dois encontros anteriores, que utilizaram a metodologia World Cafe, as sugestões apresentadas nesta quarta-feira (03/08), na Biblioteca Parque, no Centro, foram formuladas durante uma dinâmica em que cinco grupos apresentaram uma rápida dramatização sobre situações que norteiam o tema debatido – letalidade violenta – presentes no dia a dia dos moradores de favelas do Rio.

Participaram rodada de abertura do evento a diretora e presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Joana Monteiro, o representante do Instituto Unibanco, Thales Viera e a coordenadora de projetos da ONG Luta pela Paz, Carol Belo.“Ha que se falar sobre violência, não apenas envolvendo a policia militar, mas também outros elementos que envolvem todo o processo de produção e reprodução destes paradigmas”, disse Joana.

Tendo em vista que negros e pobres são as categorias com o maior índice de mortes, Thales destacou a importância do engajamento dessa população em questões governamentais: “É necessário estudar a representatividade e como são feitas as políticas publicas no país, como o jovem negro pode participar da elaboração e ação delas”.

As sugestões reunidas vão constar na Plataforma Juventude Segura, uma iniciativa da secretaria de estado de Segurança Pública articulada com as secretarias de esporte, lazer e juventude, e de cultura, ONGs e o Unicef. O objetivo é contribuir para a construção e consolidação dos direitos de crianças e adolescentes, através da mobilização e articulação de diferentes segmentos governamentais e da sociedade.

Carol acredita que essa mobilização pode ser um caminho para uma mudança positiva: “Enquanto jovens, precisamos buscar, não apenas esperar para receber. Que esse espaço de diálogo possa ser colocado em prática e fazer a diferença”.

Para a moradora da Rocinha de 19 anos, Agata Barroso, participar de uma construção coletiva é uma maneira para ajudá-la a trocar novos conhecimentos, ideias e oportunidades. “Eu sempre gostei de conversar, mas nunca tive coragem de participar de um evento como esse. Espero que a plataforma aconteça. Que todos os pontos que levantamos aqui não permaneçam no papel”.