A taxa de desemprego vem subindo e castiga mais os homens e jovens em todo país com aumento também na taxa de informalidade. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, apresentados recentemente pelo IBGE, mostram que o desemprego no Brasil foi para 8,9% de julho a setembro e já é a maior taxa da série histórica da Pnad Contínua, aplicada desde 2012. Segundo especialistas, o baixo desempenho do PIB, a retração no setor de construção civil e administração pública, além da crise política são fatores que contribuem para a piora do quadro. O Rio em Foco que vai ao ar nesta segunda-feira (30/11), às 22h, na TV Alerj (Canal 12 da Net), aborda os efeitos dessa crise no mercado de trabalho do estado do Rio de Janeiro. Para Marcos Hecksher, economista licenciado do IPEA e um dos entrevistados do Rio em Foco desta semana, a crise poderia servir como um cenário para promover as reformas trabalhistas, previdenciárias e tributárias. “A crise traz oportunidade de mudanças que não pensamos na bonança”, explica.
Segundo o IBGE, a cidade do Rio de Janeiro apresentou a menor taxa de desemprego das capitais brasileiras (5,1%), mas o salário médio dos cariocas é menor do que o dos trabalhadores do Sul e Sudeste, ocupando a 8ª posição no ranking. “O Rio de Janeiro vinha crescendo acima da média nacional, mas já vem perdendo força. A gente já vê sinais de desaceleração maior mesmo em um período pré-Olimpíadas. Houve estagnação dos salários e os setores mais afetados foram a construção civil e a administração pública”, afirma Marcelo Neri, economista chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ e também entrevistado do programa.
Para Hecksher, o Rio de Janeiro ainda vive algum aquecimento por conta dos Jogos, mas já apresenta alguns indicadores ruins e até piores do que a média brasileira. O programa também debate a efetividade do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), medida adotada pelo Governo federal para desestimular as demissões em todo país. O PPE propõe diminuir em até 30% as horas de trabalho, com redução proporcional do salário pago pelo empregador. O governo arca com 15% da redução salarial, usando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “O desenho é bem feito e repete o modelo adotado na Europa recentemente, mas não temos tido aumento nas demissões no Brasil, mas uma queda nas contratações. As admissões é que estão caindo bastante. Temos que pensar em medidas para atacar esse problema também”, explicou Hecksher. “A medida é louvável repartindo as perdas em prol da manutenção dos empregos, mas é um raio de manobra limitado”, concordou Marcelo Neri.