Destinação incorreta do lixo gera desperdício de R$ 8 bilhões por ano ao Brasil. Palestrantes de países como Estados Unidos e Suécia relataram suas experiências no 1º seminário internacional Conceito Lixo Zero na Prática. Evento aconteceu na Alerj, nesta quinta-feira, 29/10, no plenário. Semana Lixo Zero 2015 promove quase mil eventos em 6 estados e 20 cidades do interior do país.
Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos, somente 2% dos resíduos sólidos do país são reciclados e 52% seguem para lixões e aterros sanitários. No Estado do Rio, segundo a CPI dos Lixões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a reciclagem atinge somente 1,7% do lixo.
A destinação incorreta do lixo gera desperdício de R$ 8 bilhões por ano ao Brasil, segundo o Instituto Lixo Zero Brasil. O tema foi discutido nesta quinta-feira (29/10), no seminário internacional Conceito Lixo Zero na Prática, no plenário da Alerj.
Para conscientizar a população sobre a necessidade de se reciclar e reutilizar o lixo, o instituto está realizando a Semana Lixo Zero 2015, que promove quase mil eventos em 6 estados e 20 cidades do interior do país. É a primeira vez que o Rio participa da semana, que acontece desde 2010. As ações vão até domingo (01/11).
Além da capital fluminense, outros cinco municípios desenvolvem atividades - Maricá, Magé, Saquarema, Itaboraí e Mangaratiba. O presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, Rodrigo Sabatini, ressaltou a forte participação das comunidades carentes do Estado. "Ficamos surpresos com o número de eventos que ocorrem em áreas carentes do Rio. É importante levar a conscientização para todos e os mais pobres são os que mais sofrem com o problema do lixo". Ele acrescentou que a semana teve a participação de 1.500 voluntários e a participação de mais de 40 mil brasileiros.
Bons exemplos
O evento foi presidido pelo deputado Pedro Fernandes (SDD). Ao todo, cinco palestrantes de outros países relataram suas experiências.
A subdiretora do Fórum, Geiza Rocha, destacou a necessidade de se aprender com bons exemplos: "O jeito que o Rio de Janeiro trata a problemática do lixo é insustentável e provoca muitas doenças. Temos que filtrar o que há de melhor no mundo para evitar uma série de situações degradantes".
Um dos exemplos citados é o de São Francisco, nos Estados Unidos. Atualmente, 82% dos resíduos da cidade vão para reciclagem e compostagem. A compostagem é a reutilização de lixos orgânicos, que viram principalmente solos férteis para a agricultura.
Das 600 toneladas de lixo orgânico produzidos por dia em São Francisco, aproximadamente 400 toneladas são destinadas a compostagem. Segundo Steven Chiv, do departamento de Meio Ambiente de São Francisco, a meta é que o local vire lixo zero até 2020.
Outra iniciativa importante veio de Gotemburgo, na Suécia. O departamento de Sustentabilidade, Água e Gerenciamento de Lixo da cidade, coordenado por Pal Martenson, criou o maior parque de reciclagem da Europa, com 30 mil metros quadrados.
Além de ter um centro de reciclagem, onde a população pode deixar o lixo para ser tratado corretamente, o parque conta com oficinas de conscientizações e locais específicos que consertam e vendem móveis já utilizados.
O Capitão Charles Moore, autor do livro Plastic Ocean e fundador da Algalita (Fundação de Investigação Marinha, que contabiliza todo o lixo encontrado em mares e oceanos), atentou para a grande quantidade de lixo que vai parar nos oceanos.
Em 1997, no oceano Pacífico, Charles Moore nota que seu barco estava navegando em um mar ja poluído pelo plástico e pelo lixo. Foi então que fundou o Instituto de Pesquisas Marinhas Algalita e institucionalizou o termo “Rota do Lixo no Pacífico”. Desde então, muitas pesquisas têm sido realizadas. Uma delas demonstrou que havia mais de 8 milhões de toneladas de lixo plástico nos oceanos somente em 2010.
Também estiveram presentes ao evento os deputados Dr. Julianelli (Rede), Lucinha (PSDB) e Nivaldo Mulim (PR).
(Texto de Gustavo Natario)
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