Em palestra realizada na última quinta-feira, dia 30, na FGV, o engenheiro João Carlos de Luca, ex presidente do IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo e atual chairman da Barra Energia, falou sobre como a falta de flexibilidade da regulamentação brasileira sobre a exploração de petróleo no bloco do pré-sal e a queda mundial do preço do barril tem impactado e afastado investimentos. De Luca citou principalmente o fato de a Petrobras ser obrigada por lei a atuar em todos os campos do bloco com pelo menos 30% de participação. “O cenário regulatório atual não ajuda os negócios. Nossas bacias são muito prospectivas, mas com a crise na Petrobras, precisamos urgentemente de investimento externo”.
O palestrante, que falou no encontro Energia Em Foco, da FGV Energia, explicou que com a queda do preço do barril de petróleo, os investimentos no pré-sal ficaram mais difíceis, mas isso não torna a exploração inviável: “A queda do preço do barril impactou muito os investimentos, mas até mesmo com o barril custando 40 dólares , o pré sal ainda é totalmente viável. O problema é que a Petrobras, por ser operadora única, fica onerada demais e não consegue dar conta de todos os poços. Existem muitos investidores estrangeiros interessados no pré sal, mas que não conseguem investir”. O engenheiro ainda citou as dificuldades para o setor em conseqüência da burocracia brasileira. “Nosso compromisso é com a lei e com a responsabilidade ambiental, mas as licenças ambientais às vezes demoram anos para sair sem que haja sequer uma previsão. No México, onde há a intenção de competir com o Brasil neste setor, se a licença não sair em seis meses ela é automaticamente concedida”
A queda de produção da Bacia de Campos também é uma preocupação para o setor, segundo De Luca. “Alguns poços da Bacia de Campos já operam extraindo basicamente água. Hoje a Bacia de Campos ainda é responsável pela maior parte da produção brasileira, mas é um campo que já atingiu sua “maturidade”. Contudo, De Luca explica que este fato ainda não deve assustar investidores. A Bacia de Campos ainda vai operar por muito tempo e também há uma pequena parcela do pré-sal lá”, afirmou.