O nível de qualidade profissional das mulheres tem crescido bastante nos últimos tempos. No entanto, mesmo com esse crescimento, grande parte delas ainda ocupa cargos de menor expressão, recebendo, assim, salários inferiores aos dos homens. No Brasil, porém, as mulheres têm inclinado para outro tipo de mercado de trabalho: o próprio.
Seja através de empresas ou de trabalhos autônomos, as mulheres têm se mostrado ainda mais independentes, estando presentes no mercado de trabalho, mesmo sem alterar a rotina. Para Cezar Kirszenblatt, gerente da Área de Conhecimento e Competitividade do Sebrae/RJ, a necessidade da mulher de empreender é maior que a do homem. “A qualidade de vida muda, e a criação do próprio negócio permite a geração de renda, sem alterar a rotina", explicou.
De acordo com o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae, o número de empreendedoras no Brasil cresceu 19% entre 2002 e 2012. No Rio de Janeiro, no entanto, esse número ainda é baixo. “Em 2012, das mulheres que trabalhavam, 567 mil eram empreendedoras, mas apenas 10% gerava empregos. Em números absolutos, no quesito, o Rio de Janeiro só era maior que o Espírito Santo (20 mil), estando atrás de Minas Gerais (162 mil) e São Paulo (492 mil)”, destacou Cezar.
Para o gerente, o número de empreendedoras no Rio ainda é baixo, mas tende a aumentar nos próximos anos. “É uma realidade, e a tendência é que aumente. Em 10 anos, conservando o atual cenário, poderíamos projetar um número um pouco maior. Esse é o empreendedorismo por necessidade. Se a economia do país vai mal, como está indo, as mulheres passam a correr atrás do negócio próprio. O estado, que era um dos grandes centros geradores de emprego, hoje já não apresenta algo tão animador, tanto para homens, quanto para mulheres”, afirmou.
A flexibilidade de horário, mantendo ainda a rotina da família, é um dos pontos-chave para a realização do próprio negócio. “Eu era bancária, mas meus filhos nasceram e eu acabei saindo do meu emprego para cuidar deles. Aos 31 anos, resolvi voltar ao mercado de trabalho e abri minha primeira loja. A ideia deu certo e veio um lucro maior do que o esperado. Consegui conciliar os deveres do trabalho e de casa, me mantendo próxima da minha família, sem deixar as responsabilidades de lado”, analisou a empresária Marilene Dias Inácio, ressaltando que ainda não pensa em parar. “Hoje, sou dona de uma loja de artigos para cama, mesa e banho, a Ambiente 33, em Volta Redonda. No entanto, no comércio, não dá para parar aos 50 anos, mas com a independência dos meus filhos e a queda constante da economia, irei reduzir bastante minhas horas de trabalho, me permitindo estar mais próxima deles”, emendou.
Texto por Yuri Gerstner