Fórum discute uso do lixo como biogás

Nesta quarta, 10/09, o Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Rio se reuniu para discutir alternativas para transformação do lixo em energia. Segundo o estudo apresentado, dentre as alternativas existentes, a mais viável economicamente hoje é a utilização do biogás e biometano como combustível.

Em um mundo que cada vez mais discute formas de geração de energia limpa, os aterros sanitários já são vistos como fonte alternativa de matéria prima para produção de combustível. Nesta quarta-feira (10/09), o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado se reuniu para discutir alternativas para transformação do lixo em energia. Segundo o estudo apresentado pelo pesquisador Luiz Gustavo Silva de Oliveira, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, dentre as alternativas existentes, a mais viável economicamente hoje é a utilização do biogás e biometano como combustível.

Segundo Oliveira, o lixo pode ser uma fonte de energia mais vantajosa e econômica do que a gerada por usinas hidrelétricas e termelétricas. “As análises de competitividade e economicidade que fizemos mostraram que a energia elétrica não é o principal produto em termos de competitividade. O biogás e o biometano conseguem encontrar mais mercados e, com isso, conseguimos ter uma rentabilidade maior, viabilizando muito mais rápido vários projetos de aproveitamento energético do lixo”, afirmou.

Esse processo já é utilizado na usina de tratamento de biogás do Aterro Dois Arcos, inaugurada em agosto deste ano, em São Pedro da Aldeia. O lugar gera 8 mil metros cúbicos de gás por dia, podendo chegar a 15 mil, em 2018. O biometano gerado a partir de 600 toneladas de lixo produzidos diariamente atende a oito municípios da Região dos Lagos. Segundo a coordenadora do programa Rio Capital da Energia, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Maria Paula Martins, a usina foi instalada após a criação da Política Estadual de Gás Natural Renovável, aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em 2012. “Eu tinha uma visão de que a União estava apostando todas as suas fichas no aproveitamento do resíduo para a geração de energia elétrica, mas esse estudo aponta uma visão semelhante à que o Governo do estado buscou incentivar”, disse Maria Paula, acrescentando que a usina do Aterro Dois Arcos já começou a produzir gás para a indústria local.

De acordo com o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Portinho, a apresentação da EPE mostrou claramente o descasamento entre a política de resíduos e de energia. "Esse é um desafio que tem que ser enfrentado. Há o consórcio intermunicipal de gestão de resíduos sólidos, que atua gerando escala para a conquista de melhores preços na destinação do lixo, não só para as prefeituras, mas também para o próprio mercado. Hoje, só existem dois consórcios que são públicos, o de São Fidelis e o de Paracambi, os demais são privados, o que mostra que o mercado está bem ativo e está se desenvolvendo nessa relação", afirmou, reforçando que a visão da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é a mais correta. "O mercado vai resolver a questão dos resíduos e o estado já tem algumas soluções apontadas nesse tratamento", finalizou.

Segunda a secretária-geral do Fórum, Geiza Rocha, o Rio de Janeiro é pioneiro nesse processo de produção do biogás e é preciso que as entidades que integram o Fórum conheçam os projetos e disseminem a iniciativa. “A nossa legislação ambiental é mais exigente até do que a federal. O que estamos reforçando com essa apresentação é uma tese já levantada em reuniões anteriores do Fórum de que os entraves para a utilização de tecnologias na gestão dos resíduos sólidos podem ser combatidos se conseguirmos mostrar que esses resíduos podem ser uma fonte energética importante dentro da nossa matriz. Se casarmos o debate da energia com o de resíduos sólidos talvez possamos conseguir avanços em ambos os setores e ganhos ambientais e sociais para os municípios e o estado", afirma. Para ela, o estudo da EPE também mostrou que o uso de biogás pode ser uma solução rentável, viável e imediata. 

Também participaram da reunião Cláudia Schkrab, do Tribunal de Justiça do Rio; Eduardo Feital, Regina Maldonado e Ibá dos Santos, do Clube de Engenharia; Eduardo Costa, do Banco do Brasil; Rafael Lourenço, da Câmara de Comércio Americana; e Ana Letícia Pedras, da Secretaria de Estado do Ambiente.

 

Yuri Gerstner, do Fórum, e Lucas Lima, do Departamento de Comunicação da ALERJ


Veja a apresentação do palestrante