As manifestações populares, a desvalorização do real e a perspectiva de um aperto monetário mais forte do que o previsto anteriormente devem afetar o desempenho das atividades econômicas no segundo semestre. Este diagnóstico é da Carta de Conjuntura apresentado pelo Instituto de Econômica e Aplicada – IPEA nesta quinta-feira, (26/09).
O documento destaca que houve uma recuperação moderada do crescimento, com retomada da produção industrial, pelo lado da oferta, e na expansão dos investimentos, pelo lado da demanda, mas também aponta dois desafios importantes que o governo tem que enfrentar: a inflação, que permanece próxima ao teto da meta, e o déficit em transações correntes que está próximo de 4% do Produto Interno Bruto – PIB.
O fraco desempenho de determinados setores industriais, especialmente os dos produtores de bens intermediários, ameaça o crescimento dos bens de capital. A indústria de transformação, por sua vez, teve um crescimento de 2,5% no primeiro semestre devido à expansão da produção do bens de capital (13,8%) e de bens de consumo duráveis (4,9%) com destaque para a produção de automóveis.
Embora a taxa de desemprego se mantenha baixa, houve uma desaceleração da oferta de emprego, com consequente queda dos rendimentos, o que, somado à persistência da inflação, deve provocar uma diminuição do consumo das famílias. Outro motivo para essa queda do consumo é a desaceleração das concessões de crédito, especialmente os concedidos pelos bancos privados.
“No curto prazo, o crescimento estará limitado pelo menor dinamismo do consumo e do investimento e pelas tendências recentes das políticas monetária e fiscal. O fundamental, contudo, é preparar o terreno para uma expansão mais rápida e robusta no futuro”, conclui o estudo.
A íntegra da Carta de Conjuntura nº 20 do IPEA pode ser acessada no link