Especialistas discutem potencial energético do país

O potencial energético do país foi discutido no 11º Brazil Energy and Power. Realizado pela Amcham-Rio, o evento contou com a participação de especialistas de diversas áreas do setor energético brasileiro e internacional que abordaram ainda a matriz energética do país.

As restrições ambientais brasileiras são um entrave para o aproveitamento pleno do potencial hidrelétrico do país. O Brasil, que hoje tem o 4º maior potencial hidroenergético do mundo, tem apenas mais 15 anos de capacidade de expansão hidrelétrica, devido à rígida legislação ambiental e cenário energético do país. "Nenhum país do mundo faria isso com um recurso tão nobre como é o hidrelétrico. A legislação ambiental é tão rígida que não permite sequer que se estude o potencial hidrelétrico", afirmou o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, em palestra na Brazil Energy and Power.

Segundo Altino, o Brasil tem pelo menos 1.050 usinas hidrelétricas em funcionamento, com resultados extremamente positivos e com benefícios para as comunidade locais. "O setor elétrico brasileiro não está sabendo se comunicar com a sociedade. Hidrelétrica é a melhor solução para a comunidade em termos de competitividade e de qualidade ambiental, mas a sociedade é contra, então tem que investir em fontes renováveis como solar, eólica e biomassa, mas essas serão complementares", disse.

O secretário afirmou que o Ministério das Minas e Energia não tem medido esforços para que a matriz energética brasileira continue limpa. “Felizmente, o país vem adotando fontes limpas de produção de energia elétrica, inclusive as renováveis, como biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, eólicas", disse Altino. 

A energia solar, por sua vez, ainda provoca divergências. Altino considera que ainda não tem um bom nível de competitividade porque é cara para participar dos leilões de energia. Em contrapartida, o diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, a considera uma importante fonte complementar. “É preciso acabar com o mito de que a energia solar ainda não é viável. Ela já é realidade no Brasil, não para leilões, mas para micro geração, que será o nicho no País”, disse.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tomalsquim, os destaques do próximo leilão de energia para abastecimento em 2018, que acontece na próxima quinta-feira (29/08), devem ser a Biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), por causa do preço de R$ 140 por megawatt e o anúncio de um pacote de financiamentos voltados para PCH e biomassa, que será feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O gás natural também foi tema do encontro. A 12ª rodada de leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), que acontecerá em novembro, será exclusivamente para a exploração de gás. 

O Brazil Energy and Power, realizado pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio) é tradicionalmente sediado em Houston, nos EUA, e pela primeira vez acontece no Rio de Janeiro. Segundo a AmCham Rio, o objetivo é ampliar a visibilidade dos potenciais energéticos do Brasil e atrair mais investidores para o setor.