Pesquisadores debatem os limites do crescimento e apontam soluções

O Seminário teve como objetivo contribuir para o debate e reflexão sobre temas considerados relevantes para a construção de uma sociedade sustentável. O evento foi uma parceria do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado, com a Rede de Tecnologia do Estado do Rio (Redetec) e com o Centro de Expertise da Universidade das Nações Unidas (UNU).

 

"O mundo de hoje se deparou com um paradigma que ainda não sabe lidar: o planeta é finito. A consequência disto é de que o crescimento da população, o consumo e os gastos causarão um estrago irreversível. A boa notícia, é que é possível frear esse crescimento sem muitas perdas e de forma sustentável", afirmou Ian Johnson, secretário geral do Clube de Roma e ex-vice-presidente do World Bank, durante o seminário "Educação e inovação nas cidades sustentáveis" que aconteceu na última quarta-feira, no Planetário da Gávea. O evento está sendo realizado pela Rede de Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro (Redetec), o Centro de Expertise da Universidade das Nações Unidas (UNU) e pelo Fórum de Desenvolvimento do Rio e tem como parceiro o Clube de Roma.

Citando o livro "Os limites do crescimento", uma publicação do Clube de Roma, Johnson explicou que esses limites são bio-fisicos, econômicos e financeiros. Segundo ele, a população prevista para 2050 é de nove bilhões sendo que destes, um bilhão será de subnutridos. O maior crescimento populacional virá de países como população de baixa renda e 70% da população mundial viverá em cidades. "Já estamos vivendo o começo disso. A migração da população rural para áreas urbanas está cada vez maior. O aumento de renda gerou novos hábitos de consumo. Assim, teremos um maior gasto em energia, necessidade de mais investimentos em infraestrutura e consequentemente maior valor adicionado aos alimentos", acredita Johnson.

Tito Ryff, diretor da Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro e ex-secretário de planejamento do Estado, afirmou que com alimentos mais caros e uma maior urbanização, será demandado cada vez mais da agricultura. As consequências disto serão um maior consumo da proteína de origem animal e de grãos - principalmente os de baixo custo como arroz, milho e trigo - e de alimentos processados.

Jerson Kelman, ex-presidente da Agência Nacional de Águas, presidente da Light e professor da COPPE/UFRJ, apontou para outro problema: "Biocombustível é eficiente e não polui tanto a natureza. Mas será que estamos tirando alimentação da população para abastecer nossa energia?", questionou. Kelman afirmou ainda que isso não ocorre especificamente no Brasil já que aqui existe uma capacidade quase única de estocar energia em forma de água, ou seja, quando as energias alternativas produzem um excesso, é possível usá-las e guardar água em reservatórios. O alerta de Kelman é de que os países que exportam alimentos podem começar a produzir biocombustível para uso próprio agravando, ainda mais, o quadro de fome mundial.

Apesar do quadro negativo, os três pesquisadores que compunham o painel "Economia Verde: Energia, Água e Alimentos nas Sociedades", acreditam em uma possibilidade otimista. "Precisamos basicamente da inovação como uma fonte de soluções. Com o conhecimento adquirido podemos criar práticas para economizar água, como por exemplo, a diminuição da evapotranspiração das plantas, desenvolver novas variedades de plantas que precisem de menos água e sejam mais resistentes ao calor", afirmou Johnson.

Kelman adicionou que com a inovação pode-se desenvolver fazendas verticais que geraria uma nova prática de agricultura menos intensiva e mais efetiva. Já Ryff apontou a inovação como um meio, não só para criar soluções, mas para também recuperar o que já foi perdido. "Ainda temos tempo de irrigar os solos, replantar nossas florestas e recuperar as espécies em extinção. Enfim, consertar todo o mal que já foi feito", afirmou.

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