Pré-sal deve ser trampolim para energia de amanhã

"O petróleo não é o futuro da energia do país", afirmou David Zylbersztajn, consultor e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo, durante o evento "Os impactos do pré-sal sobre a economia fluminense", realizado na última segunda feira (22/08) em um dos encontros semanais promovidos pela OsteRio.

"O petróleo não é o futuro da energia do país", afirmou David Zylbersztajn, consultor e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo, durante o evento "Os impactos do pré-sal sobre a economia fluminense" realizado na última segunda feira (22/08), em um dos encontros semanais promovidos pela OsteRio. Além do consultor, estavam presentes o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno e José Luiz Alquéres, diretor presidente da Light.

Zylbersztajn defendeu a ideia de que o pré-sal, mesmo com suas inúmeras vantagens, deve ser um trampolim para os combustíveis e geradores de energia do futuro. “O pré-sal vai sim trazer muito dinheiro e desenvolvimento para o Estado e país, mas daqui a dez, vinte anos, o que vai acontecer? O mundo estará reformatado, com outra demanda. O futuro não é o petróleo”, explicou Zylbersztajn.

Apesar disso, o secretário Julio Bueno não deixou de comentar as vantagens que vêm por aí. “O pré-sal abre novas possibilidades. Foram calculados 100 bilhões de barris de reserva. Hoje em dia produzimos 9 bilhões e precisamos de mão de obra”, explicou o secretário. “A única coisa que pode ficar no caminho do desenvolvimento é a inovação. O desafio tecnológico para acessar e retirar o pré-sal (que está a 300 km da costa e 7km de profundidade) será gigantesco. Para dar conta, o governo vem trabalhando em políticas de atração de empresas para desenvolver essa indústria. Precisamos de serviços para as operadoras e precisamos disso aqui e a preços competitivos. Já temos inúmeras empresas se instalando no Rio de Janeiro. Exemplos disso são a Siemens, a BG, a IBM, e por aí vai”, continuou.

Segundo Zylbersztajn o número de empregos também vai aumentar drasticamente. “Para cada bilhão gasto são gerados 30 mil empregos. O investimento atual da Petrobrás no pré-sal é de 45 bilhões de dólares. É só fazer as contas. Desde 2008 a produção da indústria do petróleo corresponde a 60% do processo industrial brasileiro e isso, agora com o pré-sal, só tende a aumentar”, explicou.

Ainda em relação a mão de obra, o consultor expôs algumas preocupações. “Vamos precisar de muita mão de obra capacitada. Para se ter uma idéia, na bacia de campos, só vôos de helicópteros são 60 mil por mês. Com o pré-sal, que fica no dobro de distância e em muito maior quantidade, vamos precisar de uma estrutura monstruosa. Já se pensa em utilizar porta aviões alugados de fora para fazer um intermédio de todo esse transporte. E não estamos nem minimamente próximos de ter a quantidade de profissionais necessários para realizar todas as operações”, continuou.

A OsteRio é um projeto, desenvolvido e coordenado pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), financiado pela Light e apoiado pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e Osteria Dell'Angolo, promove o debate aberto e sistemático sobre o futuro do Rio de Janeiro. Acontece todas as segundas-feiras, às 20 horas, no Restaurante Osteria Dell'Angolo, que fica na Rua Paul Redfern, 40 - Ipanema.