Copa do mundo 2014 abre espaço para produtores orgânicos

O Governo Federal, ao decidir aliar a questão ambiental à Copa do mundo 2014, levantando a bandeira da sustentabilidade, abriu horizontes para os produtores orgânicos do país. Essa foi a mensagem passada no Seminário Green Rio- Oportunidades e Desafios da Copa 2014.

O Governo Federal, ao decidir aliar a questão ambiental à Copa do mundo 2014, levantando a bandeira da sustentabilidade, abriu horizontes para os produtores orgânicos do país. Essa foi a mensagem passada no Seminário Green Rio- Oportunidades e Desafios da Copa 2014, realizado na última terça feira (23/08) pela organização Planeta Orgânico, no auditório do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ). O tema foi debatido pelo coordenador da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014, do Ministério do Esporte, Cláudio Langone e pelo secretario estadual de Agricultura, Christino Áureo.

Langone deixou clara a intenção do Governo Federal de trabalhar com uma agenda voltada à sustentabilidade e produtos orgânicos. “Essa será uma grande possibilidade de mostrar o Brasil além da grande floresta amazônica, o Brasil do serrado, da caatinga. Mostrar toda a nossa gastronomia, aliando a isso a iniciativa da sustentabilidade. As possibilidades são infinitas. Estamos pensando desde adereços de torcida, que não precisam ser os chineses que se transformam em lixo, mas produtos produzidos aqui mesmo e que possam ser levados embora como lembranças. Iniciativas de catadores de lixo terceirizados pelas empresas recolhedoras e hotéis que, ao invés de batatas transgênicas e refrigerantes importados, possam oferecer sucos orgânicos da região, bananas passa, xampus e sabonetes orgânicos. E se, na hora de entregar flores para os atletas Olímpicos, e aí eu saio da alçada só da Copa para expor as possibilidades de todos os grandes eventos que virão para cá nessa década, fossem folhagens regionais? As possibilidades são infinitas”, explicou.

O secretário Christino Áureo apontou a importância de passar a mensagem certa sobre a agricultura brasileira durante a Copa do Mundo e os outros grandes eventos que vêm pela frente. “Não dá mais para a agricultura brasileira ter uma imagem negativa lá fora. Isso ocorre muito mais como uma estratégia para fazer o Brasil se curvar à concorrência estrangeira. A bandeira da sustentabilidade vai nos ajudar a corrigir o que ainda existe de grave. Nós não temos no Rio de Janeiro o agronegócio empresarial. O que existe é a agricultura familiar e a agricultura de pequeno porte, e é com essa discussão que a gente vai avançar em direção a esses eventos. Temos um dever de casa enorme nesse setor. Precisamos parar de viver nos espasmos de produção e demanda. Precisamos dar regularidade ao fornecimento”, falou o secretário.

Áureo citou algumas dificuldades para atingir o objetivo de fornecer produtos orgânicos até a chegada da Copa. “Estamos atrasados no ciclo de agricultura e pecuária em relação à construção dos estádios. Se hoje quisermos converter uma propriedade de produção de leite para estar fornecendo leite orgânico em 2014, certamente a conversão já deveria estar pronta.Temos aí uma série de providências para conseguir esse produto. Leva tempo para ter isso nas mãos, não é só jogar água e sol ali. Tem tempo e mão de obra”, continuou.

Para o secretário, é preciso dar regularidade às cadeias de produtores orgânicos e racionalidade à produção desses alimentos. Mas, observou que o aumento da produção não pode ser incentivado sem antes organizar a demanda que será formada. A pauta de sustentabilidade para a Copa vai estar abrigada no programa Rio Rural, que até 2014 terá US$ 140 milhões em execução, com recursos do Banco Mundial (Bird), fora as contrapartidas do governo.

Sobre o que será feito após o termino dos eventos, Langone foi enfático. “Todos perguntam o que será feito quando os grandes eventos acabarem e a demanda diminuir drasticamente. Perguntam o que será feito dos estádios e da superprodução de orgânicos. O Brasil é o país do futebol, temos apenas duas cidades sedes que não levam o futebol a sério e não vão efetivamente usar os estádios após os eventos. E essas cidades já estão com projetos de transformação das instalações em centros poliesportivos etc. Sobre a oferta de orgânicos: Como não haverá demanda? É para isso que caminhamos de qualquer maneira. Se, no final dos eventos houver uma enorme oferta de alimentos orgânicos teremos uma alimentação muito mais saudável e os pequenos produtores sairão os grandes beneficiados”, explicou. 

O objetivo do seminário, que ainda passará por cidades como Macaé, Vassouras e Paty do Alferes, são identificar oportunidades em diferentes regiões do Estado capazes de atender à demanda que será criada em função da Copa e também dos outros eventos que o Rio de Janeiro vai sediar.