Grupo Estrombo levanta discussão sobre mercado e indústria musical

O grupo Estrombo reuniu na última quinta feira, dia 24 de fevereiro donos de selos musicais, que estão em busca de uma nova forma de distribuição e produção de música, para trocar experiências, trajetória e visão com músicos e interessados em saber o que é preciso para conseguir entrar no mercado no mercado da musica.

Esqueça a cena de um jovem musico correndo atrás de uma gravadora com um pequeno demo do trabalho para tentar conseguir algum contrato. “O universo fonográfico não é mais o mesmo, mas muita coisa ainda funciona”, disse Paulo Montes, um dos donos da Bolacha Discos, durante a abertura do evento “Novos modelos de negócio e canais de distribuição para indústria musical do Rio”, do projeto Estrombo.
 
A iniciativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Facebook, Fundo Multilateral de Investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Fomin/BID) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) reuniu na última quinta feira, dia 24 de fevereiro donos de selos musicais, que estão em busca de uma nova forma de distribuição e produção de música, para trocar experiências, trajetória e visão com músicos e interessados em saber o que é preciso para conseguir abrir caminho nesse território aparentemente inóspito.
 
Da cena romântica até os dias de hoje, em que as redes sociais e os sites de compartilhamento se multiplicaram, muita coisa mudou. O mercado encolheu e o dinheiro sumiu. Quem antes distribuía e comandava o mundo musical agora vê seu reinado escapar pelos dedos. Nesse novo espaço fermentado de mudanças, surge o selo independente que, investindo nas novas mídias e conectados com os novos movimentos, quebra paradigmas e gera novas possibilidades.

“Eu e meu sócio queríamos gravar um CD da nossa banda. Todo artista quer ter seu trabalho gravado. Mas sem as gravadoras, tivemos que encontrar um plano alternativo. Montamos nosso próprio selo, a Bolacha Discos”, conta Monte. “Dessa maneira conseguimos pôr em prática e ainda abrir oportunidade para outros artistas que estavam com esse mesmo problema, o que procurávamos como músicos. O selo se transformou e é hoje um escritório de música”, explica.

Os selos apostam em nichos, com tiragem muito menor. Ao contrário das grandes gravadoras, que apostam em poucos artistas e gastam muito mais. “Os selos independentes dão uma iniciativa ao trabalho que o artista não tem. Ele tem a oportunidade de dar atenção real e individual para cada um. Quanto mais trabalhos assim, de selos independentes, melhor. Muita gente boa, como o Seu Jorge, foi lançado dessa maneira”, explica Leo Rivera, da Astronauta Discos.

De acordo com Guilherme Viotti, da Direito Musical, uma gravadora abocanha mais de 60% da receita produzida pelo artista, fora o que recebem os distribuidores. “Com o selo independente esses valores se invertem”, explica.

Mas mesmo com a possibilidade de novos talentos ingressarem no mercado com selos independentes visando um álbum, Felipe Rodarte, da Toca Discos, alerta para os erros de se esperar retorno na receita vinda de discos. “Não é com venda de discos que se vai conseguir o dinheiro. O show do artista é muito importante para arrecadação, mas é com o boné, a camisa, o merchandising que o artista vai lucrar”, explica Felipe.

“Não adianta você apenas trafegar seu trabalho em veículos clássicos. Hoje você tem que estar disponível em qualquer e todos os canais. O segredo é a facilidade com que o consumidor consegue a musica. Não adianta você cobrar caro ou fornecer um meio complicado para se acessar uma faixa ou um disco. O cara vai encontrar tudo na internet. Na Bolacha, após compra de CD pelo site, enviamos um link com as musicas para que o consumidor já possa ir escutando antes mesmo do CD chegar em sua casa”, comenta Montes.

“Atualmente o musico deve estar antenado nas redes sociais, canais de música e vídeos como o youtube, circular seu material em shows e pontos de venda estratégicos, aproveitar também os canais clássicos- como o rádio- e principalmente, saber que tipo de caminho quer trilhar, até onde quer chegar e que mídias são aquelas com as quais se identifica mais”, completa Guilherme.

O mercado se transforma todos os dias, novas mídias surgem. A dica dada é ficar antenado e procurar o que melhor funciona para o seu estilo.