A outra margem do Rio

O Rio somou mais uma honraria neste ensolarado mês de fevereiro: o de Melhor Cidade conferido pela revista inglesa Wallpaper. Diversos são os títulos proclamados desde o início do milênio por pesquisas científicas ou turísticas ratificando a exuberância desta Sebastianópolis.

Rio - O Rio somou mais uma honraria neste ensolarado mês de fevereiro: o de Melhor Cidade conferido pela revista inglesa Wallpaper. Diversos são os títulos proclamados desde o início do milênio por pesquisas científicas ou turísticas ratificando a exuberância desta Sebastianópolis.

No Rio, a taxa de ocupação dos hotéis está no auge, transatlânticos ancorados no porto e os turistas nacionais ou de além-mar descobriram os contrastes e a beleza do Centro, ampliando o cardápio de atrações além do Corcovado, Copacabana ou Carnaval.

Esse descortinamento é de uma riqueza ímpar. No entanto, a despeito do arsenal de luzes, movimento e esplendor, grande parte de seu equipamento vive momentos de escuridão. Por exemplo, o Museu do Rádio, na Rua da Constituição, apesar de deter um bom acervo a ser contemplado, permanece “fechado”. A chave pode ser conseguida com um simpático flanelinha. Todavia, um dia conduzindo um grupo de cariocas e estrangeiros fui indagado pela responsável no interior do museu: por que vocês vieram aqui? Se quiserem precisam agendar. Hoje temos um evento. Não podemos receber ninguém.

Eram 3 horas da tarde.

Em outra oportunidade, com um amigo penamos nas redondezas da Glória no início de uma tarde de domingo. O Plano Inclinado do Outeiro estava com suas portas cerradas. Insistimos e fomos de táxi até o alto. Mas, nem ao adro do templo tivemos acesso. Em suas proximidades, o Memorial Vargas estava, da mesma maneira, fechado, embora o Cine Glória situado, ao lado, no subterrâneo, funcione perfeitamente.

Dia seguinte, fui à majestosa igreja da Candelária, apresentá-la a estrangeiros. Por sorte, chegamos um minuto antes do santuário fechar e fomos avisados pelos servidores: só podem ir e fotografar até ali no último banco.

Eram 4 horas da tarde.

Estes contratempos fazem parte da outra margem do Rio. Todavia, vale frisar, uma cidade para ser turística precisa ter um mosaico amplo de opções, sobretudo o Rio que se prepara para o olímpico megaevento de 2016.

João Baptista Ferreira de Mello é coordenador do Projeto Roteiros Geográficos do Rio – UERJ

Publicado no jornal O DIA