Evento debate ações do poder público e setor privado para levar cidadania às comunidades pacificadas do Rio

Para divulgar as ações realizadas pelo poder público, setor privado e sociedade civil organizada através do desenvolvimento econômico e social, o Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Amcham realizou nesta terça-feira (30/11) o debate “Projeto UPP Social: como suprir o déficit de serviços e promover a formalização de negócios nas comunidades” no Centro de Convenções da Bolsa de Valores.

Para divulgar as ações realizadas pelo poder público, setor privado e sociedade civil organizada na implantação do projeto UPP Social no Estado do Rio, através do desenvolvimento econômico e social, o Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Câmara de Comércio Americana (Amcham) realizou nesta terça-feira (30/11) o debate “Projeto UPP Social: como suprir o déficit de serviços e promover a formalização de negócios nas comunidades” no Centro de Convenções da Bolsa de Valores do Rio.
 
A subsecretária de integração dos Programas Sociais da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Silvia Ramos de Souza, falou sobre a experiência do órgão público junto às comunidade pacificadas. “Desenhamos um modelo de atuação cujo principal objetivo é assegurar a consolidação do controle territorial e da pacificação nas áreas das Unidades de Polícia Pacificadora, gerando desenvolvimento social. Entendemos que é preciso construir diretrizes para a integração da cidade, não queremos ser uma cidade partida”, explicou.
 
Para a subsecretária, as políticas de segurança do Estado do Rio dos últimos 20 anos aprofundaram o cenário de violência, “A solução encontrada era deixar como estava, sem confronto, sem ação. Agora vamos mudar a realidade das comunidades carentes do Rio. As esferas de governo tem trabalhado juntas, porém sabemos hoje, que 80% dos serviços prestados a esse projeto, são esforços conjuntos do âmbito municipal, do setor privado e  da sociedade civil organizada”.
 
Silvia detalhou como se dá o trabalho da UPP Social. Primeiro identifica-se as demandas, ou seja, o que a comunidade necessita. Para isso é feita uma pesquisa detalhada com os empreendedores locais, além dos gestores públicos e dos moradores. “Realizamos estudos, recolhemos dados e articulamos ofertas. A UPP Social é isso: produzir ações integradas”.
 
Além disso, as atividades realizadas nas comunidades pacificadas pautam-se em quatro pontos: cidadania e convivência, legalidade democrática, superação da violência juvenil e integração territorial e simbólica. “Nossos principais passos são: pacificação, consolidação do trabalho, desenvolvimento social objetivando a integração com a cidade”, pontua.
 
Sobre a ponte necessária entre comunidade pacificada e empresariado, Ramos explica que o desafio é realizar o encontro entre o setor empresarial, carente de mão-de-obra, a sociedade civil organizada, que oferece cursos profissionalizantes, e a comunidade carente, ou seja, oferta e demanda. "O match entre oferta e demanda é o maior obstáculo”. Como exemplo de sucesso, a subsecretária relatou a recente experiência com o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurante do Rio de Janeiro (SindRio), que buscava suprir algumas cadeias de restaurantes da cidade, como os fast-foods Burger King e Mc Donalds, porém não conseguiam realizar a ponte entre as pessoas e o sindicato responsável pelo processo seletivo. “Levamos um gestor do SindRio à Cidade de Deus e numa tarde foram contratados mais de 200 jovens. A mesma coisa aconteceu no Borel. O objetivo é realizar esse feito em outras comunidades pacificadas”, afirmou.
 
Já a gerente de Comunicação e Relações Institucionais da Chevron, Lia Blower, destacou o trabalho social da multinacional junto às mulheres de algumas comunidades carentes do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. “Desejamos ser uma empresa que contribui para o crescimento social e econômico dos locais onde estamos inseridos. Identificamos o potencial das mulheres, hoje cerca de 30% das famílias brasileiras são chefiadas por pessoas do sexo feminino”, pontuou.
 
Segundo a gerente, a Chevron realiza trabalhos de cunho social nas comunidades do Borel e Batan, na cidade do Rio, e tem nas mulheres seu foco principal. "Investimos nas mulheres pelo efeito multiplicador desse público, já que compartilham seus ganhos econômicos com toda a família, tendo grande influência no seu lar”, explica Blower.
 
O trabalho se estrutura através de capacitação e treinamento através de cursos profissionalizantes de forma a levar as moradoras ao mercado de trabalho. No Batan, por exemplo, cerca de 30 mulheres se reuniram e criaram um restaurante chamado Sabor e Arte. "As empreendedoras realizaram pesquisa de mercado, receberam cursos nas áreas financeira e de marketing e hoje gerenciam o restaurante e pretendem abrir franquias. Não é só a polícia que vai resolver o problema, a partir da segurança existem várias ações que devem ser tomadas, integrando esforços. Nosso objetivo é fortalecer a energia humana existente nessas comunidades”.
 
Também estiveram presentes no evento, o superintendente de Relacionamento com as comunidades da Light, Mário Guilherme Romano, e a gerente de Relacionamento com as comunidades da Light, Fernanda Mayrink, que discorreram sobre o trabalho de conscientização cidadã por parte da empresa nas comunidades dos morros Dona Marta, Chapéu Mangueira e parte da Cidade de Deus. “Hoje 40% das perdas da Light no Rio por instalações não-formais estão nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, representando 10% da perda total do Brasil”, afirma Mayrink.
 
Para a gerente, a principal contribuição da pacificação das comunidades é o livre acesso a elas. “Hoje podemos entrar nas áreas carentes do Rio e ter outro pacto com o público. Antes havia o medo e a aversão. Neste novo modelo todos ganham, há troca. O objetivo do nosso trabalho é reduzir a informalidade, estimular a eficiência energética e disseminar a tarifa social, adequada à realidade dessas pessoas. É um trabalho minucioso, de porta a porta, uma reconquista das relações com os moradores. Porém já temos resultados significativos como 33 mil geladeiras trocadas, 4.500 reformas elétricas, retirada de 31.000 clientes da clandestinidade e 500 mil lâmpadas trocadas", explica.
 
Segundo Ramos, a Light quer ensinar o cliente a usar a energia de forma consciente. "Queremos acabar com os transformadores queimados por sobrecarga de energia devido aos gatos, um risco à segurança do local, e mostrar para o morador que ele pode ter um comprovante de residência e pagar uma tarifa social pelo seu consumo”.
 
Para o ano que vem, um novo projeto está para ser lançado pela empresa, que terá como mecanismo a troca de resíduos sólidos por bônus de energia diretamente na conta. “Queremos gerar renda, diminuir as doenças causadas pela poluição dos resíduos sólidos e diminuir o impacto ambiental gerado por resíduos como garrafas pet e outros materiais, que podem ser reaproveitados”, afirma Mayrink.