O desafio das Olimpíadas

Principal convidado do 5º Prêmio Brasil de Meio Ambiente, realizado dia 18 de outubro, na sede do Sistema Firjan, o diretor de Sustentabilidade e Regeneração Urbana para a Olympic Development Authority (ODA) dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012, Dan Epstein, acha que o Brasil deve ser um exemplo para todos.

Principal convidado do 5º Prêmio Brasil de Meio Ambiente, realizado dia 18 de outubro, na sede do Sistema Firjan, o diretor de Sustentabilidade e Regeneração Urbana para a Olympic Development Authority (ODA) dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012, Dan Epstein, acha que o Brasil deve ser um exemplo para todos como país-chave para a sustentabilidade. E afirma que os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, signifiquem mais que uma competição e deixem um legado para os cidadãos.

Carta da Indústria – Por que o senhor acha importante que o Brasil aproveite os Jogos Olímpicos de 2016 para se firmar como país-chave na questão da sustentabilidade?

Dan Epstein – O Brasil está em posição admirável em relação aos outros países. Vocês têm uma biodiversidade incrível, são vitais na questão energética e sediarão os eventos mais importantes do mundo nos próximos anos. É a hora de o País servir de exemplo para o mundo todo. Espero que vocês façam melhor que nós.

CI- Em seu entender, como fazer Olimpíadas pautadas pela sustentabilidade?

DE- A questão não se restringe apenas a esportes, mas à cultura e ao desenvolvimento. No caso de Jogos Olímpicos Sustentáveis, é você ter em mente o tripé de desenvolvimento: as partes social, econômica e ambiental. E, no caso do Rio de Janeiro, vejo que é muito importante trazer essa questão da cultura para as diversas comunidades nos Jogos Olímpicos. Ou seja, buscar um legado não apenas para os Jogos em si. Esses são importantes, mas muito mais relevante que a competição e suas instalações é ocupação desses prédios e das instalações pela comunidade que ali vive.

CI- Como vai se desenvolver essa sustentabilidade nas Olimpíadas em Londres?

DE- No nosso caso, por exemplo, construímos um velódromo no qual gastamos 30% a menos de energia e 70% a menos de água e empregamos as pessoas das comunidades locais na construção. Fizemos um planejamento para que o velódromo seja utilizado nos próximos 60, 70 anos, e não apenas durante as Olimpíadas. Existe o planejamento também de uso para outros esportes nesse período, um parque em volta do velódromo, que está incorporado à paisagem, um lugar bonito e que pode ser utilizado pela comunidade. E ainda tem o conceito de a comunidade utilizar a bicicleta como meio de transporte. Então, está dentro de um conceito total de sustentabilidade.

CI- O que o senhor sugere para a preparação da cidade do Rio para as Olimpíadas em termos de sustentabilidade?

DE-
Criar uma cultura de sustentabilidade para o Rio de Janeiro de modo que todas as pessoas estejam envolvidas. Não apenas os líderes e que não seja apenas uma questão de governo, mas, sim, que se crie um movimento da sociedade civil para que todo mundo se engaje no compromisso de trabalhar com a sustentabilidade nos Jogos. E que isso fique na cidade depois. Que seja um legado para a cidade. E, ainda, que se façam construções e projetos com legado por vários anos e não apenas para o momento dos Jogos.  E que a comunidade se aproveite disso.