O ano em perspectiva

Em artigo de opinião, Paulo Senise, superintendente geral do Rio Convention & Visitors Bureau, faz um panorama dos segmentos mais beneficiados pela atual situação do turismo no Rio. Para ele, o trade turístico carioca já tem motivos de sobra para comemorar, a começar pelo turismo interno e pelo mercado de eventos. Leia na íntegra.

Por Paulo Senise*

O ano se aproxima do final com um balanço extremamente positivo para o turismo fluminense, em que o tom de otimismo reinante durante 2010 tem tudo para se repetir, e até se intensificar, no ano seguinte, quando os Jogos Mundiais Militares – de 16 a 24 de julho – dão início a um próspero período de desenvolvimento no Rio de Janeiro.

Antes mesmo de 2011 bater a porta, no entanto, o trade turístico carioca já tem motivos de sobra para comemorar. Puxado pelo turismo interno, que compensou a ligeira redução no número de turistas internacionais, o Rio vem tendo uma das melhores temporadas dos últimos anos.

Durante a alta temporada, a ocupação hoteleira, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), bateu sucessivos recordes, com destaque para março, que registrou o melhor resultado desde o início da medição mensal feita pela entidade, em 2001, com 79,54%. A cidade também esteve cheia durante os principais feriados prolongados, além do Réveillon e do Carnaval, que sempre lotam os hotéis.

Mesmo na baixa temporada, período em que o segmento de lazer dá lugar ao de negócios no motivo de permanência dos visitantes no Rio, o desempenho esteve acima da média obtida nos anos anteriores. O aumento da demanda é resultado de uma recuperação econômica da cidade, bem como por conta da visibilidade conquistada via promoções conjuntas entre Rio CVB, Riotur e Turisrio, muitas como apoio do Ministério do Turismo. Dentre os destaques estão os encartes exclusivos sobre cidade publicados em jornais de grande circulação.

Um dos segmentos mais beneficiados por esse cenário favorável, o mercado de eventos também se aproxima de um ano bastante promissor. Ao final de setembro, o calendário anual do Rio Convention & Visitors Bureau, que registra apenas eventos técnicos e científicos realizados, apontava 170 encontros nacionais e internacionais, resultado que nos deixa bastante otimista em ultrapassar a marca de 200 eventos contabilizados ao longo do ano, feito que não atingimos desde 2000.

Até aqui, o público aproximado nesses encontros chegou a 160,2 mil pessoas, com um aporte de US$ 145,8 milhões na economia carioca. Em paralelo, o trabalho de captação também se manteve firme, com o Rio CVB participando ativamente na captação de 14 grandes eventos nacionais e internacionais.

Projetando para 2011, o cenário é realmente promissor, mas o caminho até um Rio de Janeiro ainda melhor passa por enormes desafios. Acessibilidade aérea, em que pesam questões ligadas à infraestrutura aeroportuária e ao reduzido número de voos internacionais; sinalização e transporte públicos, que ainda permanecem longe do padrão visto nos principais destinos turísticos mundiais, bem como a capacitação da mão de obra, em que a condição monolinguística do brasileiro ainda atrapalha muito no contato com o turista estrangeiro, são temas que devem ser acompanhados de perto.

Além disso, obras importantes do projeto olímpico e da Copa do Mundo estão em andamento, muitas delas já com prazos apertados. É preciso garantir a execução dos mesmos, sem estouro de cronograma e orçamento, pois tudo relacionado a estes eventos é caro e indispensável, em especial a questão da segurança, de cuja estabilidade depende o turismo.

Nesse ponto, sinto que as três esferas governamentais caminham na mesma direção para cumprir seu papel de executor e vigilante. É visível ainda o interesse da iniciativa privada pela cidade. Grandes redes de hotéis, operadoras de cruzeiros marítimos e empresas organizadoras de eventos, para ficar só no turismo, estão focando suas atenções por aqui em função do momento atual – e, claro, por conta das perspectivas futuras.

Como diz o velho ditado, a recompensa para quem vem tendo sucesso é mais trabalho. Para o trade turístico carioca chegou a hora de arregaçar as mangas e modificar de vez a cidade. É hora de transformar o destino Rio, tornando-a cada vez mais numa Cidade Maravilhosa.

*Paulo Senise é superintendente geral do Rio Convention & Visitors Bureau

Publicado originalmente na edição do dia 18 de outubro de 2010 do jornal O Globo. Reproduzido com autorização do autor.