Seminário analisa oportunidades e desafios para Copa 2014 e o pós evento

Mundial deverá injetar R$ 112,79 bilhões na economia brasileira. Para o sócio da Ernst & Young, José Carlos Pinto, um dos palestrantes do evento, "o país movimentará R$ 142,39 bilhões adicionais no período entre 2010-2014, gerando 3,63 milhões de empregos-ano". Os dados abrem ainda perspectivas interessantes para o Rio.

A pesquisa Brasil Sustentável – Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014 aponta que o evento deverá injetar R$ 112,79 bilhões na economia brasileira. "O país movimentará R$ 142,39 bilhões adicionais no período entre 2010-2014, gerando 3,63 milhões de empregos-ano", completa o sócio da Ernst & Young, José Carlos Pinto, durante o seminário "Copa 2014: O que podemos esperar?", realizado pela Câmara de Comércio Americana (Amcham) e pelo Grupo de Líderes Empresariais do Rio de Janeiro (Lide Rio) na terça-feira, dia 31 de agosto, no Copacabacana Palace. Os dados, considerados animadores pelo consultor, abrem perspectivas interessantes para o estado do Rio, mas também representam desafios e oportunidades.

"Temos uma sequência, nos próximos seis anos, de eventos globais que acontecerão aqui, com impactos substanciais. Vivemos um momento único", afirma Marcelo Haddah, diretor executivo da Rio Negócios, agência municipal de investimentos. Segundo ele, a esfera municipal trabalhará a mobilidade urbana, a estadual a infraestrutura dos estádios e a federal a infraestrutura portuária e aeroportuária. "Consequentemente, teremos impactos no PIB, na segurança, no meio ambiente e no turismo do Estado do Rio", avalia.

Para dar conta destes investimentos, o professor de Direito da UFRJ e assessor jurídico externo do Comitê Organizador da Copa de 2014, Álvaro Amaral, explica que poderão ser feitas concessões e parcerias público-privadas (PPPs) pelos estados. "De acordo com um estudo do Ministério dos Esportes, 78% dos investimentos em infraestrutura para a Copa serão públicos. Por isso o Estado precisa repensar a forma de contratação pelo menor preço", desafia Álvaro, referindo-e à Lei de Licitações.

OLALACMSFOTO03OLALACMS No que diz respeito ao turismo, o presidente da ABIH Nacional, Álvaro Bezerra de Mello, ressalta que, nos últimos três anos, o número de turistas que visitam o Brasil está estagnado em cinco milhões, não importa os investimentos. Para ele, a Copa pode modificar esta situação, trazendo cerca de 9 milhões de turistas ao país, "Temos uma oportunidade incrível nas mãos. Podemos alavancar o turismo. Não podemos ficar atrás da África do Sul. A responsabilidade de resolver os problemas de infraestrutura, mobilidade e outros é emergencial", alerta.

O presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, André Urani, ressalta que a Copa vem para levantar a auto-estima do brasileiro. "Podemos exprimir uma maturidade social, política e econômica como nunca tivemos e que merece ser celebrada''.  Segundo o estudioso, cade aos setores público e privado iniciar uma nova relação, redesenhar as formas de investimentos, reinventando cidades, devolvendo-lhes suas identidades. "Temos que encarar grandes projetos urbanísticos, inovando institucionalmente. As parcerias têm que se reinventar de acordo com os problemas e oportunidades que vão surgindo, saindo da caixa", finaliza.

De acordo com o planejamento e com a pesquisa realizada pela IBM, para uma cidade se tornar inteligente, ela precisa ter um conjunto de três componentes: instrumentação, conexão e inteligência. "Em termos de TI, há hoje quatro bilhões de assinantes de telefonia celular no mundo. Podemos usar a tecnologia a nosso favor, fazendo, dessa maneira, uma Copa mais inteligente", sugere o diretor de Cidades Inteligentes da IBM Brasil, Pedro Paulo de Almeida, explicitando ainda que, em 2050, 70% da população mundial será urbana.

SUSTENTABILIDADE INFRAESTRUTURA E PÓS-COPA TAMBÉM EM PAUTA

OLALACMSFOTO02OLALACMS O estudo apresentado por Fernando Blumenschein propõe sete passos para uma "Copa Verde", que passam por conservação de energia e mudanças climáticas, minimizando a pegada de carbono; conservação da água; gestão integrada de resíduos; transporte; mobilidade e acesso, alcançando a eficiência energética; conservação da biodiversidade; conscientização através de edifícios verdes e estilos de vida sustentáveis; e construção sustentável. "A Copa é um importante momento para se introduzir o conceito de sustentabilidade nos setores público e privado. Pode-se potencializar este paradigma dentro da economia. Os desafios, portanto são bastante significativos", afirma.

Ainda sobre sustentabilidade, serão plantados, segundo a Rio Negócios, um milhão de mudas/ano, e as baías serão recuperadas, trazendo mais qualidade de vida para a população. Além disso, no que tange respeito à segurança, pretende-se ocupar pacificamente cerca de 80% das comunidades da cidade do Rio, inclusive Rocinha e Alemão.