Articulação entre o público e o privado vai do pré-sal às cerâmicas

Converter conhecimento científico em aplicações tecnológicas, gerando e aperfeiçoando produtos ou processos, é a função da parceria tecnológica entre a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e empresas privadas das áreas do petróleo, produção de mudas e indústrias cerâmicas. Clique aqui e veja.

Converter conhecimento científico em aplicações tecnológicas, gerando e aperfeiçoando produtos ou processos, é a função da parceria tecnológica entre a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e empresas privadas das áreas do petróleo, produção de mudas e indústrias cerâmicas.

A francesa CGG Veritas, empresa de serviços geofísicos com atuação em nível mundial, está financiando bolsas na universidade em um programa de formação de doutores com sólida base acadêmica voltado para as necessidades tecnológicas do setor petrolífero. Segundo o diretor de projetos da universidade, Ronaldo Paranhos, "a ideia é criar uma sinergia permanente entre as instituições participantes da cooperação, com foco nos problemas e desafios tecnológicos enfrentados pelas indústrias".

Neste ano, a Uenf foi convidada pela Petrobras para compor o grupo seleto de universidades dedicadas a viabilizar tecnologicamente o aumento na produção no pré-sal. O protocolo de intenções, assinado em Campinas (SP), envolveu ainda a Unicamp, Unesp, UFRJ e UFF. Graças a outro convênio com a Petrobras, o campus de Macaé acaba de receber um sistema de última geração capaz de simular as condições de exploração e caracterização de reservatórios.


AVANÇOS NA AGROPECUÁRIA

A Uenf interage fortemente com o setor produtivo na agropecuária, envolvendo tanto pequenos produtores e assentados - com projetos de pesquisa e extensão -, quanto grandes empresas do agronegócio.

Um convênio de cooperação tecnológica vai permitir à universidade implementar em larga escala nova tecnologia na produção de mudas de diferentes espécies. O acordo envolve a Uenf, a Companhia Melhoramentos Florestal de São Paulo (que venderá as mudas e repassará 10% da receita à universidade), a fazenda Queira Deus (produtora de mudas florestais nativas) e a empresa Viveiros do Campo (dedicada à produção de mudas clonais).

A nova tecnologia, adaptada a partir de conhecimentos trazidos da Finlândia pelo professor José Geraldo de Araújo Carneiro, do Laboratório de Fitotecnia da Uenf, utiliza blocos prensados em vez de tubetes na geração das mudas. Os blocos usam material orgânico decomposto misturado com um agente aglutinante e um agente expansivo - os detalhes da tecnologia não podem ser divulgados até que ela seja patenteada.

"Enquanto pelo método convencional as mudas resistem no campo até dez dias sem chuva, a nova técnica amplia este prazo para mais de 30 dias", informa José Geraldo, lembrando que já foram feitos testes bem sucedidos com mudas de mamão, café, goiaba e cítricos, além de eucalipto, cedro australiano, peroba e pinus.

INDÚSTRIA CERÂMICA

No Laboratório de Materiais Avançados (Lamav/Uenf), o professor Carlos Maurício Fontes Vieira trabalha com indústrias do pólo ceramista em vários projetos de incorporação de resíduos industriais na massa argilosa. Um dos mais recentes já demonstrou que a incorporação de 5% de lama de alto-forno (em cuja composição há partículas finas de coque) permite economia de um quinto da energia gasta na produção dos artigos cerâmicos.

Testes de solubilização e lixiviação deram resultados satisfatórios quanto ao risco de os elementos incorporados na argila serem carreados para o solo ou lençol freático. A parceria envolve ainda a empresa ArcelorMittal, antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão.