Futuro sustentável do planeta começa agora

Garantir a disponibilidade dos recursos naturais do nosso planeta, não ultrapassando os limites da biosfera para assimilar os resíduos, e buscar a redução da pobreza do mundo, resumem o que é desenvolvimento sustentável, segundo o Presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos. Clique aqui.

Garantir a disponibilidade dos recursos naturais do nosso planeta, não ultrapassando os limites da biosfera para assimilar os resíduos, e buscar a redução da pobreza do mundo, resumem o que é desenvolvimento sustentável, segundo o Presidente do Instituto Brasil Pnuma (Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Haroldo Mattos de Lemos. Também presidente do Conselho Empresarial do Meio Ambiente da ACRJ, Lemos palestrou nesta última sexta-feira (13/08) sobre o tema Discussões sobre sustentabilidade: economia de ecossistemas e biodiversidades, países credores e devedores ambientais e visão para 2050, na sede da Associação.

Desde a descoberta do uso dos combustíveis fósseis para a geração de energia, a humanidade se desenvolveu economicamente, aumentando potencialmente o número de habitantes, consequentemente explorando cada vez mais o planeta Terra. Por exemplo, na última virada de século, a população do mundo passou de 1,5 bilhão para 6 bilhões de pessoas.

De acordo com Lemos, os principais problemas globais hoje são frutos de uma exploração desenfreada:  aquecimento global, escassez de água e energia (devido ao esgotamento de petróleo). Diante disso cabe às empresas, aos Governos e a sociedade respeitarem a capacidade de renovação dos recursos naturais, além de desenvolver tecnologias para substituir os não-renováveis sem ultrapassar a capacidade de suporte de resíduos da biosfera.

PREJUÍZO DE US$ 8 TRILHÕES

O mais novo aspecto discutido no cenário sustentável é a economia gerada pelos ecossistemas e biodiversidades, negligenciada por muitos, segundo um recente estudo do Pnuma. “Hoje o desconhecimento dos valores de mercado para os serviços prestados pelos ecossistemas e pela biodiversidade é empecilho para o desenvolvimento econômico sustentável’’, comenta Lemos. Por exemplo, as abelhas polinizam cerca de 75% das espécies vegetais consumidas como alimentos pelos seres humanos, e no momento elas estão sofrendo perigo de extinção relacionado principalmente ao uso de pesticidas, existência de ácaros que reduzem sua população e a diminuição das áreas floradas no mundo, o que totaliza um prejuízo de aproximadamente US$ 8 trilhões para a economia mundial.

''Cerca de 80% da população mundial vive em países cujos habitantes usam mais serviços ambientais do que os ecossistemas daqueles países podem prover, os chamados devedores ambientais'', diz Lemos. Para ele, a nomenclatura países credores e devedores ambientais irá substituir num futuro próximo os chamados países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os últimos são países cuja biocapacidade excede sua demanda total de consumo, ou seja são credores ambientais. O que interessa politicamente ao Brasil, que faz parte dos 20% dos países que são credores hoje, “o Brasil deve procurar manter este papel favorável que lhe trará benefícios econômicos num futuro próximo”, continua Lemos.

FUTURO DEPENDE DO QUE EMPRESAS, GOVERNOS E CIDADÃOS FARÃO

OLALACMSFOTO02OLALACMS Em 2008, a WWF divulgou em seu relatório anual que a humanidade já consumia 30% mais recursos naturais do que o planeta é capaz de produzir. “Em 2000, o mundo já estava lotado, vamos chegar em 2050 com aproximadamente 9 bilhões de habitantes, não podemos mais explorar intensamente os recursos naturais e fingir que vivemos em um mundo de recursos ilimitados”, ressalta Lemos. No documento Visão 2050 – A Nova Agenda para os Negócios, apresentado pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Cemds), liderado por 29 empresas, discutiu, em fevereiro deste ano, as condições e ações necessárias para que em 2050 o mundo esteja caminhando para atingir a sustentabilidade. “O documento apresenta mudanças fundamentais nas estruturas de governança, economia, negócios e, mais importante, no comportamento humano”, diz Lemos.

“O nosso futuro depende agora do que empresas, governos e cidadãos fizerem agora, de forma coordenada e integrada”, alerta Lemos. Diante das mudanças climáticas, do aumento da população global, da urbanização, o documento Visão 2050 reflete os melhores resultados possíveis para o planeta. Até setembro deste ano, teremos o documento traduzido para o português, trabalho realizado pelo Cemds no Brasil.

Entre as ações propostas, estão: atender às necessidades de desenvolvimento de bilhões de pessoas; incorporar o custo das externalidades, começando com o carbono, serviços prestados pelos ecossistemas e água; dobrar a produção agrícola sem aumentar a quantidade de terra ou água usados; cessar os desmatamentos e aumentar o rendimento das florestas plantadas; reduzir à metade, até 2050, as emissões de carbono no mundo inteiro; prover acesso universal ao transporte com baixo carbono e atingir uma melhoria de eficiência de quatro a dez vezes o uso de recursos e materiais. “Se contiuarmos a explorar como agora os recursos, a fazer negócios como hoje, precisaríamos em 2050 de cerca de 3 planetas para atender ao nosso consumo”, finaliza Lemos.