Ciclo realizado pelo Nós da Comunicação debate inovação e sustentabilidade

No encontro, a secretária geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Geiza Rocha, falou sobre a educação como fator fundamental no processo de engajamento das pessoas. O debate, realizado na ESPM-Rio, no Centro do Rio, contou ainda com a participação de outros profissionais ligados a inovação. Leia a matéria na íntegra.

A inovação já está na pauta de muitas empresas. Mas realizá-la de forma estratégica e sustentável, envolvendo os colaboradores nesse processo é o verdadeiro desafio. No encontro "Inovação sustentável: pelo futuro que queremos", realizado pelo Nós da Comunicação, no dia 5 de agosto, foram debatidas saídas para vencer este desafio e fazer da inovação uma rotina nas empresas. Participaram do debate, mediado pelo diretor de relações institucionais e comunicação da Ampla, Andre Moragas, a secretária geral do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, Geiza Rocha; o diretor do Instituto Terrazul, Marcos Sant’Ana Lacerda; a especialista em economia criativa, sustentabilidade e futuro, CEO da Enthusiasmo Cultural, Lala Deheinzelin,  e o diretor da Nodal Consultoria em Inovação e Estratégia, Luis Eduardo de Carvalho, que apontaram saídas e falaram sobre como buscam atuar no dia a dia para conjugar inovação sustentabilidade.

Para o diretor do Instituto Terrazul, ONG que visa promover a capacitação profissional através da cultura e educação, o desenvolvimento de ações benéficas - no âmbito social, econômico e ambiental - pode ter a educação como aliada no processo. "É importante mobilizar as diversas classes sociais. Não basta ser uma empresa sustentável, essas organizações devem estar também preocupadas em comunicar e educar seus funcionários a favor desse posicionamento sustentável", comenta Marcos.

A CEO da Enthusiasmo Cultural, empresa especializada em consultoria e estratégias corporativas, falou do desafio de unir, neste processo educativo, causas e consequências. Segundo ela, o presente é o futuro sonhado pelos nossos antepassados. E é preciso criarmos os futuros que desejamos. "No atual cenário corporativo há uma forte intenção de adotar o caminho de um futuro mais sustentável. Entretanto, há uma grande diferença entre a vontade e a prática. Nós falamos do quê, mas ainda não pensamos no como", afirma Lala. Para a especialista em economia criativa, é fundamental inovar também em processos, e considerar como valor o intangível, incluindo aí a cultura, o direito e a política. "Não podemos focar só na 'traquitana'. A sustentabilidade só vai estar presente quando houver a mudança de mentalidade, o que só é possível se promovermos uma educação transdisciplinar", defende.

Para a coordenadora do Fórum, Geiza Rocha, a educação é fator fundamental no processo de engajamento das pessoas. "Para vestir a camisa, as pessoas têm que entender a importância de construir pontes, e neste processo a Educação é fundamental. Isso ficou muito evidente nos debates que o Fórum promoveu e é o que buscamos fazer", explica Geiza Rocha.

Para Luis Eduardo de Carvalho, a sustentabilidade é a ferramenta para alavancar a inovação, e não o contrário. O consultor citou artigo escrito por C. K. Prahalad, em que o professor da Universidade de Michigan (EUA) indica que as empresas devem substituir o modelo atual por um modelo que tenha como princípio o fato de que os recursos são finitos. "Este pensamento de recursos infinitos é passado. Temos que trazer essa ideologia sustentável e aplicá-la na cadeia de valor da organização", defende.

REPUTAÇÃO E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS

Para Marcos Sant'Ana Lacerda, o terceiro setor é muito cobrado em relação aos resultados. Segundo o diretor do Terrazul, projetos de desenvolvimento estão no campo dos valores intangíveis, e costumam não se encaixar nas duras exigências contábeis das empresas. "No terceiro setor, isso é sério. Pois você tem que prestar contas daquilo que não é seu papel", argumenta. Segundo Lala, a questão da mensuração é estratégica e, ao mesmo tempo, um desafio constante para os departamentos de comunicação e de recursos humanos, pois estas áreas trabalham com bens intangíveis. "Nesse universo, quando não temos métricas, acabamos usando réguas para medir litros".

Para a CEO da Enthusiasmo Cultural, no futuro, uma das formas de avaliar empresas e profissionais será por meio de sua reputação perante o mercado. "Quanto mais pessoas têm acesso à informação, fica mais difícil esconder a verdade. E assim saberemos quais são realmente sustentáveis e responsáveis ambientalmente".

TECNOLOGIAS A SERVIÇO DA CO-CRIAÇÃO

Com o avanço das redes sociais e a aceleração das novas tecnologias, cresce também a possibilidade de colaboração entre equipes. Geiza Rocha acredita que, para haver essa comunicação, o primeiro passo é entender a linguagem dos diferentes grupos e dialogar com eles, buscando pontos em comum."Só assim pode existir um diálogo produtivo e construtivo", explica. Lala Deheinzelin reconhece o valor da co-criação, mas alerta para o perigo do esvaziamento no ciberespaço. "O problema é a horizontalidade da internet. Há muito conteúdo, mas poucos têm relevância. A grande questão é como sair do quantitativo para o qualitativo", afirma a especialista, que defende como saída a economia do engajamento.

Para Luis Eduardo, os gestores devem ter em mente o desafio de engajar os colaboradores para o melhor uso desses instrumentos. "É necessário que esses mesmos líderes viabilizem, dentro de suas organizações, um ambiente com maior grau de confiança para que os funcionários possam arriscar mais em novos projetos. Quando a organização possui um baixo grau de confiança, acaba afastando as possibilidades de inovação", aponta o consultor.

Neste sentido, arriscar-se faz parte do processo. Segundo Geiza, quando as equipes sabem aonde querem chegar, o risco não se apresenta como barreira para a inovação. "No processo de inovação, arriscar é fundamental, desde que de forma calculada. A inovação é encantadora e estimulante, tem riscos, mas não podemos confundir risco com aventura".

A palestra "Inovação sustentável: pelo futuro que queremos", realizada na ESPM-Rio faz parte da série Ciclo Comunicar Inovação e Sustentabilidade. No dia 16 de agosto, o Nós da Comunicação realizará, em São Paulo, um encontro presencial nesse mesmo formato com a proposta de refletir sobre inovação e sustentabilidade. Clique aqui e confira mais informações sobre o encontro.