Estudo avalia relação entre recursos hídricos e manejo florestal

Na Mata Atlântica, onde vivem cerca de 70% da população brasileira, já é possível observar limitações no abastecimento de água doce para con­sumo doméstico, industrial e agrícola. O fato suscita discussões e ações para a proteção, recuperação e uso racional dos recursos hídricos e inspirou a a publicação "A Silvicultura e a Água: ciência, dogmas, desafios".

Na Mata Atlântica, onde vivem cerca de 70% da população brasileira, já é possível observar limitações no abastecimento de água doce para con­sumo doméstico, industrial e agrícola. O fato suscita discussões e ações para a proteção, recuperação e uso racional dos recursos hídricos e inspirou a a publicação "A Silvicultura e a Água: ciência, dogmas, desafios", de autoria do professor Walter de Paula Lima, do Departamento de Ciências Florestais, da Esalq/USP, lançada no dia 17 de junho, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Dentre as respostas contidas na publicação está uma dúvida recorrente sobre se  plantações homogêneas de árvores como eucalipto e pinus são prejudiciais aos recursos hídricos. Este e outros pontos polêmicos do debate entre o setor empresarial e o ambientalista ganha uma contribuição da ciência para incrementar o grau de conhecimento e o nível da discussão.

Fruto do Diálogo Florestal, iniciativa independente que desde 2005 busca facilitar a interação e a troca de conhecimento entre os representantes do setor socioambiental e os da indústria de base florestal, a publicação é também o primeiro volume da coleção Cadernos do Diálogo. A coleção tem como objetivo analisar e refletir sobre dois temas atuais e extremamente importantes para a Mata Atlântica e outros biomas brasileiros: o manejo florestal e suas implicações no uso e conservação da água doce; e a ocupação e manejo integrado do território.

Para o presidente do Conselho de Administração da Fibria, José Luciano Duarte Penido, participante do Diálogo Florestal, o diálogo é a melhor forma de a sociedade brasileira encontrar um caminho sensato para questões tão atuais como, por exemplo, a revisão do Código Florestal. O diretor executivo do Instituto BioAtlântica, Carlos Alberto Mesquita, ressalta que "afirmar que as plantações florestais não necessariamente produzem danos não significa relativizar a questão das florestas, mas, sim, a das bacias hidrográficas". De acordo com Mesquita, o estudo aponta que cada bacia hidrográfica tem uma dinâmica própria e a disponibilidade de água não é uma questão apenas de uso do solo, mas um conjunto de fatores, que inclui as precipitações e o tipo de manejo aplicado às plantações, homogêneas ou não. “Também não é só uma questão de manejo, pois, dependendo das condições hídricas da área, às vezes, nem restauração florestal intensiva com espécies nativas é interessante”, complementa Mesquita, lembrando que todas as florestas em crescimento costumam demandar volumes maiores de água.

Distribuída gratuitamente, a publicação "A Silvicultura e a Água: ciência, dogmas, desafios" possui 64 páginas redigidas de forma didática e ilustradas com gráficos e tabelas que facilitam a compreensão do tema. Para baixar o estudo, basta clicar aqui.