Sensibilizar o setor produtivo para o design; aproximar indústrias e profissionais da área e disseminar ações de instituições que apoiam a inovação por meio do Design foram as metas estabelecidas pela Firjan e pelo Senai Moda e Design, a partir do evento Rio Design Indústria, realizado no último dia 16 de junho.
Participaram do encontro, representantes das três pontas que fazem o design acontecer: indústria, criativos (designers) e parceiros da inovação. Mesas de debate buscaram demonstrar como o design pode agregar valor ao produto de maneira criativa, ao torná-lo um bem diferenciado frente aos seus concorrentes.
Foram exibidos casos de sucesso das indústrias, experiências no relacionamento dos designers com a indústria e como as instituições de tecnologia, ensino e financiamento atuam neste setor. "Nossa proposta é mostrar que o design, se bem utilizado, é uma ferramenta poderosa para diferenciar o produto e torná-lo mais competitivo. Também queremos desmistificar o conceito de que o design é para poucos. Não é. Ele está ao alcance de todos", afirma Francisco Rezende, da equipe do Senai Moda e Design.
Rezende aponta uma característica sobre esse setor. "Ainda são poucas as pequenas e médias empresas que entendem e usam o design. Existe uma distorção. À primeira vista, o design pode parecer um custo a mais na produção, mas na verdade, ele pode racionalizar e baratear o processo produtivo e ainda agregar valor ao produto final", completa. "O Rio Design Indústria é o marco zero para uma nova fase, na qual as três pontas dessa indústria estão mais próximas para aumentar a geração de riquezas para o Estado. E o objetivo do Senai Moda e Design é capacitar a indústria do Rio, aproxmando os designers do mundo produtivo", contextualiza Cristiane Alves, gerente do Senai Moda e Design.
Coordenadora de design de moda do Senai-RJ, Valéria Delgado apresentou pesquisa com macrotendências e perfis de consumo, fatores que influenciam todos os segmentos industriais. Tais serviços de consultoria eram desenvolvidos, até 2009, exclusivamente para a área de moda e, a partir do final ano passado, foram expandidos para abranger os demais segmentos industriais intensivos em design. Hoje, ela divide os perfis de consumo em cinco: o consumidor contemporâneo, o romântico, o sensual, o esportivo e o irreverente. De acordo com Delgado, "quanto maior a globalização, maior regionalização, há hoje um resgate da identidade local. O Brasil vive um momento único, o Rio é considerado um perfil alfa dentro da inovação científica", explica.
Depoimentos de empresas que aderiram ao Design não faltaram no encontro. Para a gerente de marketing e novos projetos da Pnaples (fabricante de mesas, cadeiras, bancos), Isabela Lavenère, o design é o diferencial dos seus produtos. "Dar beleza às idéias e estimular a interação entre pessoas e produtos é o que move o nosso design", afirma Lavenère. O diretor da Vimoso (fabricante de móveis de vime), Custódio Ribeiro, enfatizou a relação que sustentabilidade e qualidade do design devem ter. "O design é o elo entre a fábrica e o cliente final, que está mais "antenado" com a moda e a decoração da época, alia a técnica ao conhecimento da moda e, através dele, conseguimos ficar atualizados. Além disso, faz com que consigamos brigar com a concorrência", diz Ribeiro.
A partir de pesquisa de mercado, a Haga (fabricante de fechaduras) percebeu a importância da ferramenta, que passou a ser estratégica na construção de uma nova imagem da Haga, hoje uma das 10 maiores fabricantes de fechadura do país. "A grande mudança percebida pelo mercado foi o rejuvenescimento da marca, a melhoria da qualidade e a ampliação do portfólio de produtos ao longo dos últimos três anos", explica o diretor da empresa José Luiz Abicalil. Para o diretor da Clever Pack (fabricante de embalagens), Claudio Patrick, a empresa tem focado em crianças, criando embalagens apropriadas, com praticidade no lacre. "A Clever Pack foi criada com foco em design. Ela já nasceu voltada para isso. É uma empresa de desenvolvimento de embalagem", define Patrick. Já a diretora da Pumar (fabricante de guarda-chuva e guarda-sol), Lucia Pumar, disse que a empresa familiar foi criada na década de 1920, e há apenas 3 anos começou a investir no design. O processo teve início a partir da mudança de gestão e os resultados já podem ser sentidos. "Tentamos mostrar que o guarda-chuva é um acessório essencial na vestimenta de qualquer pessoa", afirma Lucia Pumar.