Evento em universidade ajuda a disseminar soluções ecológicas e solidárias

O carrinho elétrico desenvolvido pela Itaipu Binacional para servir a catadores de material reciclável ou pequenos agricultores foi uma das atrações do II Encontro de Economia Solidária e I Aldeia de Experiências Solidárias e Tecnologias Sociais, ocorridos entre os dias 18 e 20 de maio na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

O carrinho elétrico desenvolvido pela Itaipu Binacional para servir a catadores de material reciclável ou pequenos agricultores, movido a bateria com a carga da energia proveniente de biodigestores que utilizam resíduos animais e vegetais, foi uma das atrações do II Encontro de Economia Solidária e I Aldeia de Experiências Solidárias e Tecnologias Sociais, ocorridos entre os dias 18 e 20 de maio na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

Entre tecnologias já aplicadas ou prontas para aplicação, quem visitou o Centro de Convenções da Universidade viu tijolos ecológicos, vassouras feitas de garrafas pet, objetos utilitários feitos de embalagem longa vida (Tetra Pak), óleo vegetal transformado em biodiesel e plásticos reciclados. "Este evento é um exemplo do nosso esforço de aproximar a universidade da sociedade", destaca o reitor Almy Junior.

O encontro foi organizado pela Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares(Itep/Uenf), vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, com patrocínio da Faperj, Banco do Brasil, Governo Federal e apoio da Prefeitura de Campos, do Programa Rio Rural, da Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis (Febracom), ITCP/COPPE/UFRJ, Ecoanzol e Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares.

ECONOMIA SOLIDÁRIA NA PRÁTICA: EXPERIÊNCIA DO BANCO PALMAS

Outro destaque do evento foi o relato da experiência do Banco Palmas feito pelo coordenador João Joaquim de Mello Neto. Um bairro que mapeia minuciosamente seu potencial de consumo e induz a própria comunidade a produzir aquilo de que necessita. É o que acontece no conjunto Palmeira, em Fortaleza (CE), onde se dá uma das mais exitosas experiências de economia solidária no Brasil, o Banco Palmas.

Implantado em 1998, o Banco Palmas ajudou a construir um contexto em que a proporção de moradores que faz compras no próprio bairro saltou de 20% para 90%.

Operando na lógica da cooperação em vez da lógica da competição, o banco financia empreendimentos populares em diversas áreas – incluindo uma pequena fábrica de detergentes, grife de moda e pousada popular – e mantém uma moeda social própria e até um cartão de crédito. Quem usa a moeda ‘Palma’ ou o ‘Palmacard’ tem descontos em estabelecimentos do bairro.

Vestido com camisa da grife "Palma Fashion", João Joaquim contou que o levantamento do consumo do bairro (acessível por uma ferramenta de mapas da Internet) é um dos itens levados em conta na análise das propostas de crédito submetidas ao banco. Com o consumo e a oferta indicados no Google Maps, não é difícil perceber quando um novo negócio tende ao fracasso por estar próximo de outro semelhante já consolidado. "Também avaliamos junto aos vizinhos o caráter do proponente", brincou Joaquim, lembrando que a inadimplência acima de 90 dias nos empréstimos concedidos pelo banco flutua entre 1,5% e 2%.

Publicações locais, rádio comunitária e uma bicicleta sonorizada ajudam a reforçar a consciência dos moradores quanto à importância de transformar o potencial de consumo do bairro em oportunidades para sua população. "A bicicleta circula emitindo uma única mensagem: 'Compre no bairro, compre no bairro...'", explica Joaquim.