Pólos do Rio: desafio é fazer com que moradores e turistas os identifiquem

Orientar, estimular e sustentar a qualidade do comércio de rua carioca são os objetivos do Programa Pólos do Rio, uma iniciativa da Prefeitura do Rio, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário do Rio (Sedes), em parceria com o Sebrae-RJ, o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), a ACRJ e a Fecomércio. Saiba mais.

A fim de orientar, estimular e sustentar a qualidade do comércio de rua carioca, foi criado o Programa Pólos do Rio, uma iniciativa da Prefeitura do Rio, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário do Rio (Sedes), em parceria com o Sebrae-RJ, o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes  (SindRio), a ACRJ e a Fecomércio. A governança tem o papel de animar e apoiar o trabalho dos empresários, dando total assistência para os negócios. Hoje já funcionam 20 pólos em toda a cidade. O modelo de governança atual está sendo avaliado e os resultados devem ser divulgados no fim deste ano, quando serão definidos quem continuará no programa e se serão incluídas novas regiões. O Fórum entrevistou a coordenadora do programa, Louise Nogueira, que explicou a história e como funcionam estes pólos.  “No ano passado, atendemos diretamente uma média de 350 empresas, e indiretamente mais de mil empresas. Para este ano, pensamos em duplicar este número”, revela.

 

Quais são os objetivos dos Pólos Gastronômicos do Rio?

O nosso objetivo se baseia em três tópicos: promover o aumento da lucratividade, atratividade e sustentabilidade das empresas integrantes. Ou seja, queremos que esses estabelecimentos vendam mais, tendo um maior número de clientes e que cresçam de forma sustentável. No programa, fomentamos destinos de consumo através dos pólos, que podem ser comerciais, de rua, e gastronômicos, com bares e restaurantes. Nele, as empresas pensam dentro de um grupo, seja com associações ou não. Apresentamos o associativismo, ou seja, as vantagens de se trabalhar em conjunto a fim de se desenvolver regiões específicas.

 

Como funciona a governança dos pólos? E como surgem os pólos dentro do programa?

As cinco entidades integrantes possuem representantes que se reúnem mensalmente. Nessas reuniões, discutimos e avaliamos os pólos já existentes e as propostas de novos pólos. As propostas chegam a nós ou por demanda de empresários, na maioria dos casos, ou por administradores regionais que querem desenvolver suas localidades, ou pelos próprios integrantes da governança. Algumas localidades são vistas pela governança como potenciais, e começamos a aplicar nossa metodologia para o planejamento dos pólos.

 

Como se dá o processo de implantação de um pólo?

Os representantes da governança realizam uma visita técnica que avalia a região de acordo com alguns critérios: concentração de empresas (tem que ter no mínimo quinze) e estar localizado na rua, o nosso foco é o comércio de rua. Às vezes permitimos que estejam num centro comercial, porém não é o ideal.  A segunda etapa é um diagnóstico da região e em um terceiro momento, o Sebrae-RJ realiza pesquisas com os empresários dessa delimitação para levantar o interesse na realização desse programa. Por último, elaboramos um mapeamento do local, fazendo perguntas aos empresários e líderes de regiões sobre problemas internos e externos enfrentados.

 

Depois de escolhida a região, o que acontece?

Nesse caso, realizamos palestras de sensibilização, apresentamos cases de sucesso e oferecemos oficinas de direcionamento estratégico, nas quais desenvolvemos o plano de ação. Nesse estágio, cada entidade mostra o que pode oferecer a este pólo. O Sebrae-RJ oferece cursos e consultorias especializadas. A Prefeitura leva melhorias urbanas à região, como iluminação, segurança e limpeza. Após as oficinas, as reuniões mensais são realizadas nos pólos, acompanhando e avaliando continuamente o desempenho dessas localidades.

 

Quais serão os critérios de avaliação dos Pólos?

Dentre eles avaliamos se o pólo manteve o número de empresas, quais as ações são realizadas, se as melhorias foram sentidas ou não. Através disso, analisamos o desempenho dessas localidades.

 

Na sua opinião, que contribuição o projeto traz para a cidade do Rio?

O programa fortalece a economia. Os setores de comércio e bares e restaurantes são fortíssimos. Não podemos desconsiderar a sua importância para a economia do município e do estado. O comércio hoje é o segmento que mais emprega e gera renda no município. No que diz respeito ao turismo, o setor  deve entender que os pólos são atrativos a mais para a cidade, não devemos nos limitar aos pólos turísticos já existentes, defendo uma renovação. Por exemplo, no centro histórico do Rio temos 2 pólos, que para o Sebrae, possuem muita força: o Pólo Novo Rio Antigo e o Pólo Praça XV, regiões culturalmente importantíssimas, que ainda são pouco divulgadas. A Alerj é um dos atrativos histórico-culturais daquela região.

 

Qual o papel do poder público na governança dos pólos?

Antes da atual gestão, nossa relação com a Prefeitura era distante, não havia uma secretaria específica para trabalhar o desenvolvimento local. Nessa gestão, percebemos um interesse maior.  Hoje pensamos em ações integradas e vemos o poder público mais próximo, o apoio se tornou maior. Para o programa isso é benéfico.

 

Quais são as perspectivas para o futuro?

Hoje temos em nosso planejamento a intenção de criar mais dois pólos: o Largo de Benfica, incluindo a Cadeg, uma região muito interessante; e o Pólo Rio Cidade Nova, uma região que precisa ser pensada e revitalizada. Queremos ampliar nosso trabalho na Zona Norte, pois sabemos o potencial daquela região, já temos algumas visitas planejadas. A Zona Sul, a Oeste e o Centro estão bem abastecidos.

 

O programa existe em outros municípios?

Temos por enquanto apenas o Pólo Turístico de Paquetá, em que queremos trabalhar os segmentos de base, ou seja, o comércio, os serviços a fim de desenvolver melhor o local.

 

Já há dados que retratem a melhoria dessas regiões?

 Na Tijuca, por exemplo, na Praça Vanhargen através da subprefeitura da Tijuca e da comunidade empresarial, o pólo conseguiu fechar uma rua e aumentar o espaço de abrangência, revitalizando uma área antes pouco frequentada. Isso mostra a importância da parceria público-privada. Na Lapa, não somente o nosso programa mas também o projeto ''Lapa Legal',' da Secretaria de Cultura, conseguiu trazer melhorias àquela região, que tinha problemas com iluminação pública, excesso de ambulantes e mendigos. Na Praça XV, tanto o Pólo Novo Rio Antigo, como o da Praça XV ganharam decretos de quarteirões culturais, nos quais não passam carros e existe um limite de cadeiras e mesas, a fim de preservar aquele ambiente. Antes dos pólos não havia lixeiras nas ruas da Praça XV e hoje além de termos papeleiras espalhadas pela delimitação, a região possui melhorias na iluminação e bons restaurantes.

 

A população tem se manifestado, apoiando essas iniciativas? Qual o principal desafio hoje?

Nós percebemos, pelo número de novos entrantes e abertura de novos estabelecimentos, que há demanda e aceitação por parte da população. O público comparece e consome. O que hoje é um desafio para o programa é fazer com que os moradores do Rio e os turistas identifiquem essas regiões como pólos. Queremos que a população ligue aquela região ao seu pólo, seja ele gastronômico, cultural ou histórico. Hoje pensamos na divulgação desses pólos, estamos focados em estratégias de propagação. Seja por eventos ou por sinalização. O objetivo é o carioca tenha a noção de pertencimento. Os pólos pertencem à cidade.

 

As universidades se envolvem no programa? Há um planejamento para isso?

Na Zona Oeste, temos o apoio de algumas universidades cedendo seus espaços e integrando algumas ações. Na Praça XV, tentamos uma negociação com a ESPM, mas ainda não foi concluída. Envolver as universidades no programa ainda é algo que deve ser melhor desenvolvido. As instituições que possuem parcerias com o programa são pontuais. Sabemos que agregaria muito para o programa.