Boas ideias em cultura: entrevista com Fabiana Scherer

Este ano, o Viradão Carioca traz a novidade de estender a programação às comunidades carentes da cidade, incluindo as comunidades da Maré, Morro dos Prazeres, Vila Kennedy e Tavares Bastos. Sobre a novidade desta edição, entrevistamos a Gerente de Cultura e Arte do Sesi RJ, Fabiana Scherer. Acompanhe a conversa na íntegra.

O Viradão Carioca é uma mobilização cultural, que integra todas as linguagens artísticas do Rio de Janeiro. O objetivo é a união das zonas norte, sul e oeste, através da oferta de uma programação eclética, que se estenderá por 54 horas. Pautado nos três pilares – acesso à cultura, ocupação da cidade e integração, o evento acontece em diversas ruas, praças, teatros, cinemas, bibliotecas, centros, lonas culturais e circos, promovendo uma intensa programação cultural. A maior parte dos eventos será gratuita e em locais abertos. Enormes palcos serão montados em pontos estratégicos e, ainda, palcos itinerantes atravessarão vários bairros do Rio. O sistema Firjan foi a primeira entidade a celebrar sua adesão ao Viradão, junto à Secretaria Municipal de Cultura, e criou uma programação especial para acompanhar os dias do evento. O projeto este ano acontece nos dias 23, 24 e 25 de abril e promete repetir o sucesso do ano passado.

Este ano, o Viradão Carioca traz a novidade de estender a programação às comunidades carentes da cidade. As comunidades da Maré, Morro dos Prazeres, Vila Kennedy, Tavares Bastos, entre outras, foram contempladas com palcos e atrações diversas, incluindo 5 (cinco) sessões do projeto “Cinema na Praça”, realizado com grande sucesso na edição anterior do evento. Sobre a novidade desta edição, entrevistamos a Gerente de Cultura e Arte do Sesi RJ, Fabiana Scherer.

Fabiana, você como gerente de Cultura e Arte, explica pra gente, como o Sesi participará do Viradão Carioca?

Este é o nosso primeiro ano, a Prefeitura nos convidou para participar do Viradão e nós ficamos super felizes com o convite. A gerência de Cultura e Arte vem desenvolvendo projetos de cultura há 3 anos e com este convite poderemos trabalhar de uma forma mais efetiva, já que temos espaços interessantes, como o Teatro Sesi de jacarepaguá, que fará 1 ano em agosto e o daqui do centro. Além disso, nós iremos desenvolver um trabalho específico nas unidades pacificadas.

Como você avalia a primeira edição do Viradão? Qual a importância de um evento como este?

Ano passado a experiência foi super interessante para a Prefeitura, assim como para a comunidade como um todo.Nós temos, na verdade, que aproveitar mais o Viradão, principalmente nesse tempo em que as pessoas estão voltadas para a área cultural e vendo a cultura como um veículo de possibilidades, de transformação, de comunicação e de mobilização. A cultura nesse momento pode ser um grande canal para que a sociedade reflita sobre tudo o que está acontecendo e o que está por vir. A cidade do Rio passa por um momento delicado e é importante que cada um pense de forma cidadã no que está fazendo.

Qual o planejamento das ações nas comunidades pacificadas?

O nosso presidente, dr. Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira assinou com o Governador e a Prefeitura, um acordo de trabalho mútuo e nós estamos elaborando através de reuniões semanais, coordenadas pela direção do Sistema Firjan, um planejamento de ações. Nesse primeiro momento, nós estamos entrando com a cultura, porque ela é mais fácil de levar, não sendo preciso uma estrutura tão grande. Na unidade Santa Marta, em Botafogo, e no Batan em Niterói, nós levaremos caravanas, que já são usadas no interior do estado. Será montado um palco no Batan e, no Santa Marta, nós usaremos a própria quadra da escola de samba Mocidade Unida do Santa Marta. A estrutura é semelhante a um circo, como um teatro mambembe, na verdade, tem um picadeiro e uma armação de madeira atrás. Nós levaremos uma banda composta por cinco músicos, com um repertório de circo feito especialmente para esse evento. Teremos além disso, palhaços, mágicos, malabares que entreterão crianças e adultos. Fora isso, teremos ações aqui no Teatro Sesi do Centro, serão  três espetáculos, entre eles '' Velha é a mãe'' do Fábio Porchat, sexta, sábado e domingo com entrada franca e o espetáculo infantil, '' Sapo Vira Rei Vira Sapo'' da Ruth Rocha, que acontecerá domingo às 11h da manhã. Nesta peça infantil nós vamos trazer um ônibus com crianças da comunidade Pavão Pavãozinho, vamos recebê-las, explicar como funciona um teatro, como é a peça, para que depois elas assistam. Por isso eu ressalto a importância de todas essas atividades terem uma mensagem a mais.

Como o empresariado tem visto a situação dessas comunidades pacificadas e a importância do fomento de cultura nesses lugares?

Quando o Sistema Firjan senta e desenvolve um trabalho mais efetivo, mostra que os empresários estão de pleno acordo. A gente entende que este é um momento muito especial, a situação nas comunidades é um problema da sociedade como um todo, o governo tem uma parcela muito grande de proporcionar os direitos básicos, como habitação, saneamento entre outros, e nós temos a obrigação de saber fazer essa integração. Devemos deixar de ser uma cidade partida,o que é morro e o que é cidade. Os empresários enxergam e percebem que pode ser feita uma transformação muito grande em todos os momentos. Na cidade de Deus, por exemplo, foi feito um acordo com o sindicato da construção civil  para que fossem abertas turmas que qualificassem os moradores para trabalharem no setor. Então percebemos, que os empresários também estão tomando as iniciativas, falta a sociedade apoiar. Cada um fazendo a sua parte, tudo fica mais fácil, as partes devem se comprometer.

O importante é que as pessoas passem a ver as comunidades de forma diferente, não porque elas foram pacificadas,independe disso. Obviamente o fato de estarem pacificadas, garante o acesso mais fácil a essas áreas, mas não podemos deixar de entender que são comunidades que pertencem à cidade, assim como os bairros da zona sul ou da zona norte. O que  diferencia o antes e o depois da pacificação é a facilidade de entrada e saída que temos hoje. Do mais, não podemos jamais fazer qualquer distinção. A cultura é fundamental neste cenário, pois ela faz com que as pessoas circulem por todos os ''lados'' da cidade, como no caso do carnaval, ou dos bailes funk.

Além do Viradão, neste mês, o Sesi está com três projetos na hora do almoço com entrada franca: ''Poesia no Sesi'', toda quarta e ''Curta no Sesi'', toda quinta às 12h.