Instituto de Economia da UFRJ organiza curso de especialização em Turismo

O Instituto de Economia da UFRJ lançou recentemente um curso de pós graduação lato sensu intitulado "Turismo: Economia, Gestão e Cultura". O corpo docente do curso, multidisciplinar, reúne professores do Instituto de Economia, da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, além de outros.

O Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) lançou recentemente um curso de pós graduação lato sensu intitulado "Turismo: Economia, Gestão e Cultura". O corpo docente do curso, multidisciplinar, reúne professores do Instituto de Economia, da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, além de professores externos especialistas em História e Cultura. Para saber mais sobre a novidade, O Fórum de Desenvolvimento do Rio conversou com Renata Lèbre La Rovere, coordenadora do Grupo de Economia da Inovação, do Instituto de Economia da UFRJ.

Como surgiu a ideia de criar, no Instituto de Economia da UFRJ, o curso de especialização em Turismo?

O professor Carlos Lessa, do Instituto de Economia da UFRJ apontou nos seus trabalhos sobre o desenvolvimento do Rio de Janeiro que o setor de turismo é importante para a economia do estado, do ponto de vista da geração de renda e de emprego. Ele então incentivou um grupo de professores do IE/UFRJ, especialistas em desenvolvimento do Rio de Janeiro, a propor um curso lato sensu na área de turismo. Este grupo logo percebeu que o curso deveria abranger outras disciplinas além daquelas relacionadas ao curso de Economia, uma vez que há múltiplas possibilidades de atuação profissional no setor de Turismo. Foram assim incluídas disciplinas relacionadas à gestão – importante para profissionais que trabalham em hotelaria e agências de viagens, além daqueles que possuem seu próprio negócio – e disciplinas relacionadas à história e à cultura do Rio de Janeiro – importantes para a definição de estratégias empresariais e políticas públicas do setor. O curso é portanto multidisciplinar, e seu corpo docente reúne professores do Instituto de Economia, da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, além de professores externos especialistas em História e Cultura. Além disso, profissionais dos diversos segmentos do turismo serão palestrantes convidados. O objetivo do curso é capacitar profissionais, não apenas turismólogos, mas também profissionais das áreas de ciências humanas e ciências sociais, a pensar o desenvolvimento do setor, de modo que a UFRJ possa contribuir para a geração de conhecimento e pesquisas sobre este setor tão importante para a economia do município e do estado.

É possível medir o impacto do turismo na economia do estado do Rio de Janeiro?

Sim, a partir de um levantamento dos empregos gerados e de uma estimativa de geração de renda com base em informações sobre o uso de equipamentos turísticos.

Quais são, na sua opinião, os principais desafios a serem vencidos para que os potenciais do estado do Rio em relação ao turismo sejam realizados?

O estado necessita melhorar suas condições de infra-estrutura, principalmente no que se refere à acessibilidade (para portadores de necessidades especiais), à mobilidade (portos, aeroportos, rodoviárias, estações ferroviárias, marinas) e ao saneamento. Na capital, segurança pública e preservação do patrimônio histórico e cultural também são desafios importantes. Finalmente, é necessário investir em capacitação dos recursos humanos e profissionalização dos prestadores de serviços.

Nas discussões realizadas na Câmara Setorial de Turismo, Cultura e Esportes do Fórum de Desenvolvimento do Rio o investimento na infraestrutura dos municípios foi apontado como fundamental para fomentar o turismo no estado. Que outras ações são necessárias, na sua opinião, para atrair mais turistas?

Ações conjuntas com o Governo Federal para melhorar a visibilidade dos municípios, tanto no Brasil como no exterior. Em nível municipal, são também necessárias ações de educação visando à disseminação de boas práticas de turismo, de forma que a população receptora dos destinos turísticos se conscientize da importância da atividade para os municípios.

Nosso estado e mais especificamente a cidade do Rio tem uma vocação turística reconhecida internacionalmente, porém a avaliação quanto ao atendimento prestado nos hotéis e restaurantes é sempre ruim se comparada a outros estados. A que a senhora atribui esta má fama?

Durante décadas a economia do estado e da cidade do Rio de Janeiro passaram por grandes dificuldades, em parte decorrentes da redefinição da economia fluminense a partir da transferência da capital para Brasília e da perda de importância no PIB industrial, em parte ligadas ao próprio quadro de estagnação da economia do país. Por exemplo, entre 1970 e 2006, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, a cidade e o estado apresentaram uma perda de participação no PIB nacional de respectivamente 62,5% e 31,1%. A cidade do Rio de Janeiro apresenta uma evolução do emprego formal entre 1985 e 2007 de apenas 11,4%, que é o menor entre todas as capitais brasileiras. Estas dificuldades acabaram piorando a qualidade do emprego, que se reflete na qualidade da prestação de serviços. Ações de capacitação empresarial, tanto em nível técnico quanto em nível gerencial, são necessárias para desenvolver a profissionalização do setor e reverter esta imagem negativa.

Outra crítica recorrente é no que diz respeito ao sistema de informações ao turista ofertado pelo estado. Que ferramentas o curso oferece para ajudar os gestores a suprir esta deficiência?

O curso tem uma disciplina específica sobre políticas de informação para turismo, onde são discutidas as contribuições que um sistema de informações bem desenvolvido pode trazer para gestores de políticas públicas e profissionais do mercado.

Num dos módulos do curso fala-se da economia do turismo e da economia da cultura. É possível traçar um paralelo entre estas duas economias? De que forma elas se complementam?

As atividades geradas pelo setor de turismo impactam a vida cultural da cidade, ao proporcionar novos tipos de público. Por outro lado, os equipamentos culturais e as atividades geradas pelo setor de cultura são atrativos importantes para turistas. O melhor exemplo da interface entre as duas economias na cidade do Rio de Janeiro é o conjunto de atividades geradas pelo Carnaval, que se estendem muito além dos quatro dias do evento.

O que falta, em sua opinião, em termos de políticas públicas direcionadas para o Turismo nos níveis municipal, estadual e federal?

Existem diversas iniciativas de fomento ao setor, mas elas necessitam ser melhor articuladas para construir sinergias e evitar duplicidade de esforços. Essa articulação passa pela consolidação de um diagnóstico do setor que contemple não apenas os impactos econômicos e sociais (geração de emprego e renda) como também das necessidades e desafios do empresariado nos diversos segmentos.

SERVIÇO:

Curso de especialização em turismo: economia, gestão e cultura
Local: Instituto de Economia da UFRJ
Data do início do curso: 13/03/2010 (inscrições até 12/03/2010)
Site oficial do curso: http://www.ie.ufrj.br/turismo
Mais informações com Sidenir Pereira pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelos telefontes (21) 3873-5264 e (21) 2542-9641